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Workshops/mestrados e a eutanásia da lagosta!

Até parece, que não terão muito a ver uns com os outros, mas vamos tentar colocá-los na mesma bandeja para vos servir á mesa de leitura ... porque são temas importantes e sempre actuais ... que também passam despercebidos!

Outro dia, falando com uma prima “in law”, portanto, uma prima directa da minha mulher, ela dizia e defendia que tinha aprendido muito com o seu pai. E com ele, aprendera a fazer tudo na sua casa, isto é, aprendera a consertar tudo o que se estragava ou deixava de funcionar, fosse porque razão fosse. Sabia arranjar um esquentador, uma torradeira, um autoclismo, a máquina de cortar relva, enfim os artigos eléctricos, os estragos nos móveis ou nas canalizações e assim resolvia os problemas de quase todas as coisas, mais comuns e vulgares que se estragam naturalmente, na maioria das casas. Muito útil e completamente invulgar hoje em dia! E assim, porque a maioria das pessoas, reconhece não saber fazer quase nada, no que se refere ao extra-profissional ... á excepção da poncha ... e pelas dificuldades generalizadas em colmatar os hiatos das faltas de conhecimento, de vivência, da capacidade em improvisar, surgiram os workshops. Que, na teoria são reuniões entre pessoas com experiências e conhecimentos semelhantes e também conjugáveis, os quais se interligando, vão ajudar aos intervenientes uma aquisição e divulgação desses saberes individuais. Mas, na realidade, muitos destes workshops são transformados em sessões de esclarecimentos ou de aquisição de conhecimentos, onde aqueles que não sabem ficam calados e os mais informados, falam e ensinam os restantes. Tudo pode ser motivo de um workshop: aprender a cortar carne, a cozinhar bacalhau, aprender a fazer um churrasco, mudar um pneu dum carro, a bateria ou as velas, aprender a digitalizar, a organizar ficheiros, montar uma tenda de campismo emprestada, portanto, sem livro de instruções, aprender a evitar as actualizações, insistentes e constantes, dos telemóveis e dos computadores, a comprar artigos “on line” , reservar viagens sem ser “assaltado” no preço das passagens aéreas, etc, etc! Pode haver workshops para tudo, ... como emagrecer sem sair de casa, maquilhar-se para sair de casa, como se vestir para uma festa, para um casamento ... haja imaginação e está feito um workshop e um grande negócio ao mesmo tempo.

- Os mestrados são outra história! São organizações, formativas, educacionais, culturais, complementares, cujos objectivos podem ser ou não técnicamente consistentes! Existem aqueles mestrados onde se pode pagar muito ... mas também se pode lucrar muito! Ou então, são para “inglês ver” e não valem para nada,... servem sómente para ocupar espaço descritivo, no curriculum pessoal. Passo a explicar: há mestrados que se podem realizar, sem se adequarem nos conteúdos á área profissional individual, e que assim, não representam adição de conhecimento, só valendo pelo título honorífico de Mestre! Sendo que não representam nem acréscimo de arte, nem de mestria! Assim, representam alguns deles apenas um negócio rentável, ... outros existem, com grande capacidade formativa e com exigências curriculares na aptidão e frequência, também com preços por vezes exorbitantes, mas ao mesmo tempo justificados e com grande valia técnica. Hoje, muitos cursos do ensino superior, privilegiam os mestrados no final dos mesmos, porque, são complementares e importantes ... além de constituirem uma grande fonte de rendimento. No fundo será uma complementaridade muito solicitada e adequada.

- Sem antecipadamente ter enveredado pelo caminho educacional e postural colectivo das populações, as reivindicações dos bons tratos para com os animais, ganharam o seu espaço ... justo, sem dúvida, mas de algum modo inadequado e prematuro. E chegámos ao patamar social, em que um progenitor dá um tabefe a um filho no meio da rua - porque é uma realidade na praça pública - mas não pontapeia o seu cão ou gato - porque tem receio em vir a ser preso, ou então levar uma arranhadela ou uma dentada. Nesta globalidade do movimento reivindicativo para a causa animal, com um lema “the sky is the limit” ... vêm agora as touradas, depois virão as lutas de galos ou a festa da queima do gato, nos arraiais populares de Verão, talvez depois, a festa da matança do porco, no início de Dezembro.

Já existem cães a trabalhar como animais salva-vidas em praias - ocupação que é de louvar - utilizando equipamentos flutuadores adequados. Por enquanto só há cães, porque não se pode contar com os gatos ... são difíceis de domar e ensinar e são “alérgicos” á água. Talvez venha o dia em que os cães e gatos irão ao supermercado - com um colete electrónico, da Samsung ou JBL, junto a um atrelado - para fazer as compras semanais ... enquanto os donos ficarão em casa, calmamente a curtir a telenovela da tarde. E ainda, um dia mais tarde, virá um político adepto da causa animal, defender a “eutanásia da lagosta”! E passo a explicar este ponto de vista: há restaurantes especializados em espetadas, outros em pratos de peixe e ainda outros em mariscos. Os mariscos - alguns deles, encontram-se necessáriamente vivos no restaurante - são cozinhados na hora, e portanto, são cozinhados vivos e depois deglutidos, com imensa saciedade ... com expressões ruidosas e idílicas, dos comensais! Como se estivessem a comer um bocadinho do céu! Será que ninguém reparou que a lagosta - que aqui utilizo como exemplo - é metida viva numa panela com água a ferver - como faziam ás bruxas - e é depois deglutida a “sangue-frio” sem piedade ... utilizando a boca e as mãos, já todas lambuzadas? Será que ela não sofre? Será que temos de investigar uma hipótese tecnológica que permita perguntar ao animal quando deseja morrer?

A democracia não deve ser isto! As prioridades do país - incêndios no verão, inundações no inverno - são corrigíveis técnicamente, mas, para o conseguir há que fiscalizar o país metro a metro, em todas as actuações e apontar os prevaricadores, muito antes dos acidentes. E, a democracia, é melhorar a educação, a cultura, os conhecimentos extra-curriculares, os apoios aos desfavorecidos, sejam idosos ou não, com tudo o que puder ajudar: workshops, cursos tecnológicos, mestrados, todos eles como receita própria e com objectivo preciso. A democracia não é aquilo que vai na cabeça dos deputados, cada um deles identificado com a sua cor - como se de um clube se tratasse - passando toda a legislatura a defender a sua “dama” sem estar a defender na verdade o seu País! Os problemas da saúde, não têm cor partidária e são transversais a todas as ideologias, assim como a cultura e a educação. Os transportes aéreos - agora muito criticados - são um problema nacional e de todos partidos!

O partido que governa não pode votar na A.R. contra apoios aos transportes aéreos no território nacional sem explicar o que vai fazer com as Regiões Autónomas! Esta é a democracia que se vende ao consumidor: - Olhar para a barriga e depois olhar para o povo! Povo que - com muita pena nossa - sempre foi amorfo e pouco participativo! E a prova expressa está aqui: em cerca de 17500 pessoas - com estrangeiros pelo meio - vítimas de cancelamentos de voos da TAP para a RAM, até Junho de 2018, só uma delas apresentou queixa! Se isto é mesmo verdade ... então estamos muito enfermos!

P.S. 1- A operação de salvamento das crianças e o seu treinador numa gruta da Tailândia é um facto extraordinário e um exemplo sublime da capacidade da espécie humana, na luta contra adversidades. Ficará sempre na nossa memória e na História do Mundo! P.S. 2- Quem mais ganhou em Madrid? O Cristiano ou o Real?