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Montes e mais montes de “ratazanas”...

No país estival das festas, concertos e da evidente letargia crónica dum Estado suspenso das férias judiciais, as gentes divertem-se, porque “tristezas não pagam dívidas”. E bem sabemos que o nosso Povo adora ser anestesiado. Mas neste mês faz precisamente um ano, que no maior arraial do arquipélago, naquele idílico Monte - altar do Funchal - precipitou-se uma árvore que arrastou para a morte treze pessoas premiadas naquela maldita lotaria do “acaso”. Cedo percebemos pelas primeiras declarações públicas de “pretensos” responsáveis da “coisa pública”, tão pro-activos em se colarem aos eventos bons, que afinal a árvore era órfã e que o terreno onde ela estava tão robusta, talvez fosse uma parcela fantasmagórica. Não menos assombrosa, foi também a reacção indolente do Ministério Público que passados alguns dias, e após permitir que técnicos de partes interessadas, revolvessem aquele “C.S.I.”, é que o MP decidiu dar mostras de que afinal, em pleno Agosto a justiça também “acorda”. Tarde, mas acorda. Contudo, aqueles políticos que em 2010 berravam que a “justiça não podia morrer solteira” aquando da queda duma palmeira em Porto Santo, estão desde há um ano calados que nem “ratazanas” (que são).

Aos poucos vamos evidenciando o posicionamento dos nossos actores políticos no que à política de mobilidade diz respeito. O PS e a dupla parlamentar eleita pela Madeira em São Bento, votou contra as alterações do subsídio de mobilidade, fortalecendo a pública convicção de que os deputados insulares que beneficiam deste subsídio no seu árduo labor, não têm mesmo vontade nenhuma que o actual paradigma se modifique - pois a Assembleia da República paga as suas deslocações e ainda sacam o subsídio - e as companhias aéreas permanecem gulosas a vampirizar os passageiros das ilhas, perante um Estado que apesar de instituir um preceito constitucional que visa assegurar uma “continuidade territorial” de todos os portugueses que habitam as distintas parcelas do país, é porém um Estado mau-pagador. Infelizmente o candidato socialista que mantém o Funchal em pantanas, poupou aqueles patéticos “murros na mesa” dirigida à sua família política que o adoptou por marioneta hospedeira. O líder regional do PS felizmente açaimado por Lisboa, evitou algum daqueles seus comentários tântricos, e logo, um novo imberbe local daquela reles tribo, veio balbuciar uns ditongos a fazer de conta, que estavam contra o posicionamento daquele ninho do Largo do Rato, que banca o grémio de cá do sítio. São mesmo “ratazanas”.

Temos um cargueiro aéreo, um helicóptero de combate primário aos incêndios, e um ferry a ligar-nos ao continente. Foram promessas da maior parte dos actores políticos nas eleições regionais 2015 que reivindicavam ardentemente esses meios. Tenho a impressão que a chegada desses meios constitui uma espécie de paliativo para esvaziar os argumentos da oposição, pois os dados que se conhecem do custo/benefício associado ao ferry fretado, é de facto pouco atractivo, para não dizer desastroso, mas só assim o “provável” fretador do navio, justifica a continuidade da cartelização do oneroso transporte de mercadorias em porta-contentores para a RAM. E isto é tanto mais questionável de adicionarmos a esta equação, a constante tensão em crescendo por questões partidárias, entre o poder colonial da República perante o da Região em matéria de transferência de meios financeiros para demais áreas primordiais. A TAP renacionalizada pelo PS e onde fervilham “boys” como o Trindade, já soma este ano várias dezenas de voos cancelados por “razões operacionais”, perante o silêncio ruidoso daquela “rataria” que comanda os destinos do país e transforma a transportadora aérea nacional num instrumento de arremesso político contra a economia da Região. É vergonhoso o silêncio de todos estes ratos aninhados nas “geringonças” de cada um dos lados deste mar.