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Vietname impede entrada de responsável da Federação Internacional de Direitos Humanos

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A secretária-geral da Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) disse hoje ter sido impedida de entrar no domingo no Vietname, onde ia participar esta semana numa reunião do Fórum Económico Mundial.

Debbie Stothard explicou à Lusa que foi impedida de entrar no país no domingo, tendo ficado retida no aeroporto de Hanoi durante mais de 16 horas.

“Quando cheguei à imigração para entrar no país impediram-me de entrar e mantiveram-me retida. Estou agora à espera de embarcar num voo para Kuala Lumpur”, disse Stothard, num contacto telefónico com a Lusa a partir de Díli.

As autoridades vietnamitas invocaram a lei que rege a entrada de estrangeiros no país e o artigo 21 que impede a entrada no país de estrangeiros “por questões de defesa nacional, segurança ou ordem social”, indicou a responsável da FIDH, que reúne organizações não-governamentais de defesa dos direitos humanos.

“Não entendo porque me impediram. Já participei em fóruns de direitos humanos no Vietname duas vezes no passado e, na altura, a única coisa que fizeram foi seguir-me, mas sem me impedirem de entrar ou de falar”, disse.

Stothard devia participar, entre terça e quinta-feira, no Fórum Económico Mundial sobre a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), num debate sobre “inovação sob stress”, na quinta-feira.

“A informação que tenho é que o representante da Amnistia Internacional que devia participar no mesmo painel que eu, não teve autorização de visto. No meu caso, como sou cidadã da ASEAN, o visto é dado à entrada”, explicou,

Em comunicado, o porta-voz do Fórum Económico Mundial Fon Mathuros lamentou a decisão de impedir a entrada de Stothard, e adiantou que a organização do Fórum mantêm o convite para a participação de Stothard.

“Vamos continuar a facilitar a sua participação no encontro”, referiu o porta-voz do encontro, onde devem participar vários chefes de Estado e de Governo da região e líderes empresariais de todo o mundo.

Stothard considerou que ações como esta são “um sinal muito negativo” para o Vietname, especialmente no quadro de uma reunião tão importante como a do Fórum Económio Mundial.

“Infelizmente ocorre num cenário em que estamos a verificar um aumento significativo de ações do Governo que deteve dezenas de ativistas de direitos humanos, bloguistas e outras pessoas acusadas de dissidência”, afirmou.