Venezuela termina o ano com inflação acumulada de mais de 2.000%
A economia venezuelana termina 2017 com uma inflação acumulada de mais de 2.000%, segundo os cálculos da Assembleia Nacional, que vê nesta cifra recorde uma manifestação da “maior crise política, social e económica da história da Venezuela contemporânea”.
O anúncio - recolhido hoje pelos meios de comunicação locais - foi feito pelo deputado da oposição Rafael Guzman, num balanço económico do ano, revelando ainda que o produto interno bruto (PIB) da Venezuela caiu 34% nos últimos quatro anos.
Despojado dos seus poderes pelo Supremo Tribunal venezuelano e pela Assembleia Nacional Constituinte, a Assembleia Nacional (Parlamento) é o único órgão do Estado nas mãos da oposição e a única instituição que publica estatísticas como a inflação e outros indicadores económicos, na ausência de dados da Governo e Banco Central desde 2015.
Segundo os cálculos do Parlamento, a Venezuela entrou em hiperinflação em novembro quando ultrapassou, com uma marca de 57%, o limiar de 50% de inflação que define este fenómeno.
“Nenhum país da região, nenhum país do mundo tem esta deterioração do sistema produtivo”, disse o deputado ao apresentar o balanço.
A Venezuela é o país com a maior inflação do mundo. O segundo país da América Latina com o maior índice de inflação é a Argentina, com mais de 20%, muito longe dos quatro dígitos registados na Venezuela, a primeira colocada no ranking.
“Cada dia há menos empresas, cada dia há menos postos de trabalho, cada dia há menos salários dignos”, disse o deputado Guzman sobre a situação da economia venezuelana.
A impressão descontrolada do dinheiro por parte do Banco Central, assim como a destruição da indústria nacional e a queda das importações reduziram drasticamente o número de bens disponíveis no mercado.
Para estabilizar a economia e sair da crise, o Parlamento pede a eliminação dos controlos do câmbio -- o Estado tem desde 2003 o monopólio da venda de divisas na Venezuela -- e de preços e que se respeite a propriedade privada.
A Venezuela está a passar por uma crise humanitária marcada pela escassez de alimentos, medicamentos e outros produtos básicos e o aumento quase quotidiano dos preços diante do colapso da sua moeda, o bolívar, em relação ao dólar.
A empresa estatal de petróleo PDVSA - que é a fonte de mais de 90% das receitas do Estado venezuelano - está a passar por sérias dificuldades financeiras e a sua produção caiu pela primeira vez em 28 anos, abaixo dos dois milhões de barris por dia.