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Venezuela regista pela primeira vez hiperinflação, com 50,6% em outubro

Foto EPA
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A Venezuela entrou pela primeira vez na sua história em hiperinflação, ao registar 50,6% em outubro, segundo a Econométrica, empresa especializada em assessoria económica e financeira.

O anúncio foi feito da conta da Econométrica na rede social Twitter.

A empresa, juntamente com o Parlamento - em que a oposição é maioritária -, e outras entidades privadas fornece regularmente valores da taxa de inflação perante a falta de divulgação de dados pelo Banco Central.

A Econométrica refere que “a inflação na Venezuela alcançou um novo máximo histórico” e que em agosto de 2017 os preços subiram 31,9% no país e em setembro último 33,7%, valores superiores aos 15 a 20% mensais registados no primeiro semestre do ano.

A Econométrica recorre à definição do economista norte-americano Phillip Cagan, segundo a qual um país entra em hiperinflação quando o aumento mensal dos preços é de 50% ou mais, sendo a primeira vez que este fenómeno ocorre num país produtor de petróleo.

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, decretou, quarta-feira, um aumento do salário mínimo mensal de 30% para os venezuelanos, que passará de 136.534 para 177.507 bolívares (de 10,38 para 13,50 euros), respetivamente, à taxa oficial de câmbio Dicom.

Por outro o subsídio de alimentação, que também entrará em vigor este mês, passará de 21 para 31 unidades tributárias, de 189.000 para 279.000 bolívares (de 14,37 para 21,22 euros), para um total de 456.507 bolívares (34,73 euros) ao câmbio oficial.

Foi a quinta vez que o Presidente da Venezuela decretou o aumento do salário mínimo, A primeira vez foi em janeiro (50%), seguindo-se maio (60%), julho (50%) e setembro (40%).

Segundo a imprensa venezuelana, este influenciará negativamente a economia, contribuindo ainda mais para a inflação.

No entanto, segundo a presidente do Conselho de Comércio (Consecomércio), Maria Carolina Uzcátegui, o aumento é ainda insuficiente, tendo em conta que o país está num “esquema de hiperinflação”.

“O rendimento dos venezuelanos, que passou para 11 dólares (10,38 euros), simplesmente não chega para cobrir as suas necessidades”, afirmou à Unión Rádio.

Para os comerciantes, o aumento do salário deveria ser acompanhado por medidas visando a estabilização da economia, designadamente a eliminação do sistema de controlo cambial que desde 2013 vigora no país e impede a livre obtenção local de moeda estrangeira.

O aumento tem lugar em momentos em que os bancos estão a restringir a 10 mil bolívares (0,76 euros) os levantamentos diários, valor que dá apenas para pagar um café duplo.

Entretanto, o Banco Central da Venezuela anunciou hoje que vai entrar em circulação uma nova nota com o valor de 100.000 bolívares (7,60 euros), cinco vezes mais que o da atual máxima denominação, e que é de 20.000 bolívares (1,51 euros).