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Presidente da África do Sul insta líderes mundiais a combater epidemia da tuberculose

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O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa instou os líderes mundiais a combater a tuberculose até 2030.

“Esta primeira reunião de alto nível das Nações Unidas sobre tuberculose é uma oportunidade histórica que devemos abraçar se quisermos efetivamente responder a uma doença que matou mais pessoas do que a varíola, a malária, a peste, a gripe, o VIH e SIDA e o Ébola”, disse o chefe de Estado sul-africano.

Num discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, Ramaphosa recordou as palavras do líder histórico do país, Nelson Mandela, que em 2004 afirmou que “o mundo fez da derrota do VIH-SIDA uma prioridade máxima”.

“Isso é uma bênção. Mas a tuberculose continua a ser ignorada. Hoje, apelamos ao mundo para reconhecer que não podemos combater a SIDA, a menos que também façamos muito mais para combater a tuberculose”, disse Ramaphosa, ao recordar as palavras do Prémio Nobel da Paz Nelson Mandela na primeira vez que está na Assembleia Geral da ONU.

Mandela morreu em 2013. Se fosse vivo completaria o 100.º aniversário este ano.

“O Presidente Mandela era um sobrevivente da tuberculose, que contraiu enquanto estava na prisão”, afirmou Ramaphosa, acrescentando que a doença “não é apenas uma condição médica”, mas “tem várias determinantes sociais, incluindo pobreza, desemprego, má nutrição, superpopulação e o estigma social que alimentam a disseminação de doenças”.

O chefe de Estado sul-africano sublinhou que “os pobres e marginalizados carregam uma carga de doença desproporcional”, particularmente no seu país onde, segundo Ramaphosa, a tuberculose “é a maior causa de mortalidade na população em geral, especialmente entre os homens”.

“Houve 322.000 novas infeções por tuberculose na África do Sul em 2017, o que representa um declínio significativo em relação à estimativa de 2015, de 438.000”, declarou.

O líder sul-africano disse que o declínio se deve ao reforço da capacidade de resposta das autoridades de saúde na África do Sul na implantação rápida de novos diagnósticos e acesso a medicamentos.

“O programa antirretroviral da África do Sul contribuiu significativamente para melhorar os resultados no combate da tuberculose, incluindo sucesso no tratamento e na redução da mortalidade”, precisou.

Na África do Sul, 60% das pessoas que vivem com o VIH são coinfetadas com tuberculose, o que significa que “qualquer estratégia que não aborde” as duas epidemias não terá sucesso, sublinhou.

O país integra a rede de pesquisa de tuberculose do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), uma colaboração regional na pesquisa e desenvolvimento para produzir novos diagnósticos de tuberculose, vacinas e fármacos.

Ramaphosa disse que “isto é importante porque os países do BRICS contribuem com 40% da tuberculose suscetível a tratamento médico e 50% de toda a tuberculose resistente a medicamentos em todo o mundo”.

“É apenas com novas ferramentas que podemos alcançar a redução drástica na incidência de tuberculose necessária para garantir a eliminação total desta doença até 2030 ou antes”, referiu.

Segundo o Presidente da África do Sul, “para ter sucesso” é preciso “garantir que os medicamentos sejam acessíveis”.

“Em última análise, todos os nossos esforços para acabar com a tuberculose não terão sucesso, a menos que consigamos implementar a cobertura universal de saúde”, frisou.

“A África do Sul espera que na reunião da Assembleia Geral da ONU, em 2030, seja declarado que, de facto, acabámos com a epidemia da tuberculose”, concluiu.