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Mogherini garante que UE não vai levantar sanções nem suavizar posição em relação à Venezuela

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A chefe da diplomacia europeia exclui hoje uma intervenção da União Europeia na Venezuela, mas garantiu que a posição comunitária não será suavizada e as sanções impostas não serão levantadas enquanto “não houver progressos no terreno”.

“Há um ano, decidimos impor sanções. Foi a primeira vez que impusemos este tipo de sanções na América do Sul. Não o fizemos de ânimo leve [...] A situação não melhorou, pelo contrário. Por isso, as sanções serão mantidas enquanto os direitos humanos forem violados e os princípios democráticos desrespeitados. Não pretendemos suavizar a nossa posição na ausência de progressos significativos no terreno”, assegurou Federica Mogherini.

Num discurso dedicado exclusivamente à Venezuela, proferido no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, a Alta Representante da União Europeia (UE) para a Política Externa disse que o bloco comunitário não quer impor nenhuma solução externa para solucionar a crise política e humanitária naquele país.

“Esta nunca é a opção europeia. Acreditamos na democracia, na cooperação, e no respeito. Acreditamos que o futuro e o presente da Venezuela têm de ser escritos pelo seu povo, e por ninguém mais, sem nenhuma intervenção externa, mas faremos tudo o que pudermos para ajudar o povo da Venezuela a voltar a ter o seu presente e futuro nas mãos”, completou.

Mogherini, que ouviu críticas por parte dos eurodeputados pelo facto de o tema Venezuela ser repetidamente debatido no Parlamento Europeu, sem progressos, defendeu que, neste momento, uma tentativa de diálogo ou mediação europeia não seria bem-sucedida.

“Não é uma questão de ganhar tempo. Condições para diálogo ou mediação não existem. Mas uma iniciativa internacional, europeia, talvez possam ajudar -- e aqui coloco muitos pontos de interrogação -- a relançar um processo político. Contudo, neste momento, é só uma possibilidade a explorar. Não quero criar falsas expectativas”, alertou.

A política italiana admitiu que, pessoalmente, não quer sentir, ao olhar para trás, que poderia ter feito mais. “Devíamos tentar tudo ao nosso alcance para que a situação melhore e que não haja uma escalada de violência. Dado que a situação não está a melhorar, uma escalada de violência não pode ser excluída, e isto significaria ainda mais sofrimento para o povo da Venezuela”, analisou.

A vice-presidente do executivo comunitário reiterou que a única solução para a crise na Venezuela é política, e lembrou que, na semana passada, o Conselho de Assuntos Externos da UE sustentou que esta deve ser democrática e pacífica.

“Uma intervenção externa e o uso da força seriam simplesmente inaceitáveis para nós e só pioraria a situação”, advertiu.

A chefe da diplomacia europeia instou o Governo de Nicolás Maduro a restituir o poder constitucional da Assembleia Nacional e respeitar a imunidade dos seus membros, a libertar todos os presos políticos, a dar passos concretos para restaurar o pluralismo político, a repor os direitos fundamentais, e a organizar “umas eleições livres e transparentes, com o respeito pleno pela Constituição”.

“Esperamos, particularmente, uma investigação independente às circunstâncias da morte de Fernando Albán”, disse, referindo-se ao opositor venezuelano que, segundo as autoridades venezuelanas, se suicidou lançando-se do 10.º piso do edifício dos serviços secretos, onde se encontrava preso, mas que a oposição assegura que foi “assassinado às mãos do regime de Nicolás Maduro”.

“Não pretendemos mudar os nossos pedidos, porque o povo da Venezuela clama simplesmente por democracia”, vincou.

A UE mantém sanções contra 18 altos cargos venezuelanos por violações dos direitos humanos e atividades contrárias à democracia e ao Estado de direito, além do embargo a armas e um veto a material que possa ser utilizado para “repressão interna”.