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Milhares de jornalistas espanholas apoiam manifesto contra machismo e ponderam greve

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Mais de 4.000 jornalistas espanholas apoiaram nas últimas 24 horas um manifesto contra o machismo e as desigualdades entre homens e mulheres sentidas no setor da comunicação social em Espanha, divulgaram hoje as promotoras da iniciativa.

O manifesto, sob o lema “o feminismo também é necessário para melhorar o jornalismo”, também apela à participação numa paralisação geral feminista convocada para 08 de março (próxima quinta-feira), data em que é assinalado em todo o mundo o Dia Internacional da Mulher (proclamado oficialmente pelas Nações Unidas em 1975).

Esta iniciativa teve como ponto de partida um pequeno grupo de mulheres jornalistas que decidiu, no início desta semana, discutir as desigualdades sentidas na profissão e acabou por ganhar a dimensão de um movimento sem precedentes em Espanha.

O documento pretende denunciar, entre outros aspectos, as desigualdades salariais, a precariedade, a insegurança laboral e as situações de assédio sexual que atingem as mulheres jornalistas no sector da comunicação social espanhol.

“O objectivo é expressar a nossa rejeição do machismo que existe no sector e que se manifesta de muitas maneiras diferentes. Acreditamos que chegou a hora para que esta efervescência feminista também chegue aos meios de comunicação social e que se materialize em reivindicações”, afirmou, em declarações à agência noticiosa espanhola EFE, uma das promotoras do manifesto, a jornalista do eldiario.es Ana Requena.

O manifesto denuncia também as dificuldades sentidas pelas mulheres para alcançar lugares de direção nas redações, a “masculinização” das tertúlias e dos espaços de opinião e a sub-representação das mulheres, como qualificam as promotoras da iniciativa, nos conteúdos jornalísticos.

Este movimento de jornalistas pretende ler o manifesto no próximo dia 08 de março em várias cidades espanholas, como Madrid, Barcelona e Sevilha.

Também está a ser equacionada a participação, também a 08 de março, numa manifestação feminista, bem como a possibilidade de criar uma associação de mulheres jornalistas.

Para a presidente da Federação de Associações de Jornalistas de Espanha (FAPE, na sigla em espanhol), Elsa Gonzalez, este movimento organizado e reivindicativo de mulheres jornalistas sem precedentes em Espanha é uma “conquista importante”.

A representante enfatizou que a FAPE tem tentado denunciar permanentemente a situação injusta que as mulheres vivem no jornalismo e que tal situação “deveria mudar”.