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Futuro da Venezuela “é trágico”

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O escritor venezuelano Alberto Barrera Tyszka considerou hoje que o futuro da Venezuela é trágico, não sendo possível prever como a situação do país vai evoluir porque o atual Governo não mostra vontade de afrouxar as suas políticas.

“O horizonte venezuelano, neste momento, é trágico, muito difícil de prever porque este Governo não está disposto a afrouxar e está cada vez mais longe da democracia”, disse à Lusa o autor venezuelano Alberto Barrera Tyszka, que está em Portugal para apresentar o seu livro ‘Pátria ou Morte’, um romance que retrata um período do ‘chavismo’.

Alberto Barrera Tyszka está na Póvoa de Varzim para o 18.º Correntes d’Escritas e passará ainda por Lisboa para apresentar o seu livro, o primeiro a ser editado em Portugal, pela Porto Editora, e que está à venda desde janeiro.

“Nunca tivemos uma situação de crise tão grande, pois estamos a falar de uma inflação de 700%, de uma grande escassez (de alimentos, medicamentos, entre outros), de uma economia que está em plena quebra”, referiu o autor, que vive atualmente no México.

Segundo o escritor, o país vive “uma crise económica devastadora e uma crise política muito paralisante”.

Barrera Tyszka afirmou o Governo do Presidente Nicolás Maduro (que está no poder desde 2013, após a morte do ex-Presidente Hugo Chávez, que governou de 1999 a 2013) já entrou numa fase em que não se pode considerar que exista uma democracia plena no país.

“Desde o ano passado, está a impedir a realização das eleições, está a submeter a oposição e há cada vez mais presos políticos, há um controlo militar cada vez mais forte. Está a ocorrer um processo de endurecimento político”, acrescentou.

Para o autor, a saída de Nicolás Maduro, por si só, não representa uma mudança para a Venezuela.

“Há por trás do Governo uma corporação que tem o poder na Venezuela e não quer soltá-lo. O ‘chavismo” não quer deixar o poder, está ali para ficar eternamente”, disse.

“Existe uma coisa ainda mais grave, desde o Governo de Hugo Chávez, os militares estão a ganhar poder e a ocupar cargos importantes de função politica e económica, ao invés de estarem nos quartéis. Estão cada vez com mais protagonismo na Venezuela”, sublinhou.

O autor disse que a grande questão é como a Venezuela irá libertar-se desta ditadura que se está a formar no país, com “compleição militar”.

Alberto Barrera Tyszka disse ainda que, apesar de os Estados Unidos terem grande peso regional, o Governo venezuelano usa os norte-americanos como “o grande inimigo externo” e culpa-os pelos seus próprios erros através da propaganda governamental.

O autor referiu que Hugo Chávez e Nicolás Maduro centralizaram a economia na produção petrolífera e, com a queda atual dos preços do petróleo, esta sofreu uma quebra devastadora, pois não “produz mais nada”.

Barrera Tyszka, de 57 anos, é ainda colunista e coautor da primeira biografia documentada sobre o ex-Presidente Chávez, intitulada ‘Hugo Chávez sem uniforme. Una história pessoal’ (2005), tendo publicado ainda outros livros de contos, romance e poesia.