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Felipe VI faz 50 anos na terça-feira a lutar pela unidade de Espanha

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O rei de Espanha, Felipe VI, faz 50 anos na terça-feira, numa altura em que luta pela unidade do país contra o separatismo catalão, o maior desafio que enfrenta desde que subiu ao trono, há quatro anos.

Felipe Juan Pablo Alfonso de Todos os Santos de Borbón e Grécia nasceu em Madrid em 1968 e em 2014 foi proclamado rei depois de o pai, Juan Carlos, ter abdicado do trono perseguido por vários escândalos pessoais que levaram dois terços dos espanhóis a desaprovar o seu comportamento como chefe de Estado.

O rei de Espanha jurou a Constituição perante as Cortes quando, em 30 de janeiro de 1986, alcançou a maioridade, tendo a partir daí combinado os estudos universitários em Espanha com um mestrado nos Estados Unidos, uma formação militar exaustiva e passagem por várias instituições públicas espanholas e europeias.

Em 2004 casou-se com Letícia Ortiz Rocasolano, com quem teve duas filhas que garantem a continuidade institucional da Coroa, e foi assumindo a um ritmo crescente as suas obrigações oficiais de futuro chefe de Estado.

Depois da morte do ditador Francisco Franco em 1975, o pai de Felipe VI conseguiu realizar a transição pacífica do regime franquista para a democracia parlamentar, gerando o consenso entre os diversos partidos políticos e com uma grande popularidade entre os espanhóis.

No entanto, depois de uma série de casos, os espanhóis não perdoaram o último escândalo de Juan Carlos que, em plena crise económica, em 2012, fez uma viagem a África para caçar elefantes, sendo ele próprio presidente de honra da organização ambiental WWF (World Wildlife Fund) - uma organização não governamental internacional que luta pela proteção da natureza e das espécies animais.

No discurso de aclamação feito a 19 de junho de 2012, Felipe VI anunciou “uma monarquia renovada para um tempo novo” e rapidamente tomou medidas nesse sentido, como a auditoria externa às contas da Casa Real e a proibição da família real de receber presentes que comprometam a dignidade das suas funções, empréstimos sem pagar juros ou serviços em condições vantajosas.

O chefe de Estado espanhol decidiu ainda diminuir o seu salário em 20%, para níveis mais comparáveis ao de outros altos cargos do país, presidentes da República e outros monarcas europeus.

No início do seu reinado, Felipe VI também não teve dúvidas em retirar à sua irmã, infanta Cristina, o título de duquesa de Palma pelo seu envolvimento num caso de corrupção e ainda sem saber o resultado da investigação.

Felipe VI propôs em janeiro de 2016 que o vencedor das eleições legislativas, Mariano Rajoy, formasse Governo, tendo este declinado a proposta, uma situação que levou o país a 10 meses de crise política.

O rei de Espanha tem adotado uma atitude reservada e mais institucional, mas o seu papel foi decisivo na gestão do processo de nomeação do novo Governo, depois de cinco rondas de negociação com todos os partidos políticos e duas investiduras falhadas ao longo de 2016.

O maior desafio que Felipe VI teve de enfrentar e está ainda a enfrentar no seu 50.º aniversário é o desafio independentista da Catalunha, uma das Comunidade Autónomas espanholas com um forte movimento nacionalista que defende a criação de uma República independente.

A mensagem televisiva sem precedente com que se dirigiu, com firmeza, aos espanhóis a 03 de outubro do ano passado, dois dias depois da realização de um referendo de autodeterminação da Catalunha considerado ilegal por Madrid, foi muito provavelmente o momento mais delicado do seu reinado.

Nessa intervenção, Felipe VI acusou “determinadas autoridades” da Catalunha de “deslealdade” institucional e de terem uma “conduta irresponsável”, totalmente à margem do direito e da democracia.

Os independentistas voltaram a ganhar as eleições regionais de 21 de dezembro de 2017, há pouco mais de um mês, e mantêm uma atitude de desafio à unidade de Espanha que o rei jurou defender a todo o custo.