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Explosão em central eléctrica deixa Venezuela com luz intermitente

Cortes de energia em várias localidades afectam telecomunicações e acesso à Internet, condicionando ligações dos madeirenses com a diáspora

FOTO RDF
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Uma explosão numa estação eléctrica no Norte da Venezuela, responsável por 75% da energia consumida no país, está na origem dos sucessivos apagões em vários pontos do país ao longo dos últimos dois dias, afectando também o acesso à Internet e as telecomunicações com que os madeirenses estabelecem contactos com os familiares radicados naquele país sul-americano.

Dos 23 estados, cerca de 15 ficaram sem energia no final da tarde de segunda e terça-feira, com os apagões a ocorrerem em várias regiões, de acordo com relatórios da AFP e utilizadores na rede social Twitter. “Desde ontem [segunda-feira] à tarde que estamos sem luz, os dataphones estão sem Internet”, disse à AFP Alexander Santander, cidade mercante de San Cristobal no estado fronteiriço de Táchira (oeste).

O ministro da Energia Eléctrica, Luis Motta Dominguez, já deu uma explicação oficial para o sucedido e anunciou que o governo continua a trabalhar para restaurar o serviço nos estados afectados. Através de um vídeo publicado nas redes sociais, o ministro explicou que o ‘apagão’ deveu-se a uma explosão seguida de incêndio na subestação La Arenosa, no estado de Carabobo, provocando uma grande quebra de energia em vários estados.

Aragua, Carabobo, Miranda, Lara, Yaracuy, Portuguesa, Cojedes, Barinas, Anzoátegui, Táchira, Mérida, Trujillo, Nueva Esparta, Falcon e Zulia são alguns dos estados que passaram a noite de segunda-feira às escuras, conforme foi relatado por vários utilizadores do Twitter.

Entretanto, as ligações à rede eléctrica nacional foram repostas na madrugada de terça-feira, em várias regiões, como a companhia petrolífera Zulia (Noroeste) e o estado de Cojedes (Oeste), mas depois voltaram a surgir novas falhas e apagões intermitentes.

A subestação de La Arenosa é uma das sete que recebe energia eléctrica do estado de Guri (Bolívar), um complexo hidreléctrico que contribui com cerca de 75% da energia consumida pelo país.

“Devido às quedas leves, várias empresas fecharam, nós estivemos nove horas sem electricidade até que, pelo meio-dia, ela surgiu novamente”, disse à AFP Noreyda Fernández, uma professora de 63 anos.

As interrupções são frequentes na Venezuela, especialmente em estados ocidentais como Zulia, Tachira, Merida, Trujillo e Barinas. Na capital Caracas os apagões são menos comuns contudo, escreve o Panorama Digital, no último mês, a cidade já enfrentou por quatro vezes cortes de energia.

Especialistas associam os apagões à deterioração da infra-estrutura energética devido à falta de investimentos em meios, à crise económica, à incompetência e à corrupção. Opinião divergente tem o governo de Nicolas Maduro que geralmente os atribui a “sabotagem” de adversários políticos para alimentar a revolta popular.

Em Fevereiro passado, o presidente Nicolás Maduro ordenou às Forças Armadas que activassem um plano contra a “guerra ao sistema eléctrico”, mas os cortes continuam.