Madeira

Governo da Madeira quer estudar e corrigir “erros” na ocupação do território

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O secretário regional dos Equipamentos e Infra-estruturas, Amílcar Gonçalves, admitiu que “há situações na ocupação do território que têm de ser corrigidas, atendidas e estudadas à luz da ciência e do conhecimento actual” face à forma como a Madeira foi sendo povoada ao longo dos séculos “com os seus erros e com as suas dificuldades”.

“Muitas vezes o conhecimento empírico de anos não consubstancia o conhecimento actual e científico sobre estas temáticas e quando se fala de planeamento fala-se de tudo, não estamos a falar apenas de urbanização, mas na questão da segurança, da sustentabilidade mas também da equidade”, referiu o governante na cerimónia de abertura do I Congresso Internacional em Planeamento Sustentável, que começou hoje e decorre até quarta-feira na Universidade da Madeira.

O governante convidou os conferencistas a darem um passeio pela ilha e a descobrirem os desafios que a orografia impõe ao ordenamento, à gestão e ao planeamento do território. “Se é difícil geri-lo, então planeá-lo mais difícil é”, conclui.

“Se nós sobrepusermos todos estes risos naturais - inundações, deslocamentos de massas, tsunamis – vamos todos morar para uma coisinha com mil m2 onde estamos seguros”, ironizou Amílcar Gonçalves, destacando a importância de congressos como este para que os estudos técnicos saiam das gavetas e produzam efeitos práticos no domínio das decisões políticas.

“É bom que os políticos a todos os níveis, desde as autarquias ao governo regional, todas as entidades tenham um bocadinho desta percepção: aquilo que fazemos hoje vamos estar a condicionar o futuro ou a beneficiar um determinado caminho”, referiu, exemplificando o estudo dos aluviões que juntou a UMa, o Laboratório Regional de Engenharia Civil e a Secretaria Regional dos Equipamentos e Infra-estruturas, cujas recomendações propostas têm vindo a ser executadas, como são os casos da canalização, da protecção civil e da monitorização das principais ribeiras que no passado transbordaram representando risco para pessoas e bens.

A importância de ouvir os técnicos, os investigadores e os entendidos em Planeamento Sustentável e Ordenamento Territorial tornam-se mais importantes na proporção das “ribeiras bonitas mas bravas” assim como de todos os “constrangimentos naturais” evidentes no arquipélago da Madeira, referiu Amílcar Gonçalves que lembrou que ao contrário das longas secas, as cheias rápidas rapidamente se perdem na memória colectiva.