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Ventura Terra foi um arquitecto de “pragmatismo e sentido do belo”

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A personalidade de Miguel Ventura Terra (1866-1919) juntou o “pragmatismo e o sentido do belo”, descreve o realizador Fernando Carrilho, autor do documentário dedicado à obra daquele arquiteto, cuja antestreia decorrerá em Lisboa.

O documentário “Ventura Terra - Projetar a Modernidade”, de Fernando Carrilho, sobre o arquiteto que marcou a Lisboa do início do século XX, vai ter antestreia às 21:30, na Cinemateca Portuguesa, com a presença do realizador.

Contactado pela agência Lusa, Carrilho explicou que o filme surge de um desafio da Associação Ventura Terra à Direção Municipal de Cultura da Câmara de Lisboa, por ocasião das Comemorações dos 150 anos do nascimento do arquiteto.

Essas comemorações incluíram também a organização de uma exposição - “Do Util e do Bello” - patente até sábado, no piso térreo no Torreão Poente do Terreiro do Paço.

Produzido pelo Arquivo Municipal de Lisboa -- Videoteca e Terra Esplêndida, o documentário “faz uma panorâmica sobre a obra que o arquiteto deixou no pais”.

“Estabelece também alguns pontos de contacto com a sua personalidade. Os seus traços foram energia e capacidade de trabalho, racionalidade, pragmatismo e sentido do belo!”, descreveu Fernando Carrilho, em declarações à Lusa.

Questionado sobre a marca que Ventura Terra deixou em Lisboa, o realizador afirmou: “Uma marca de modernidade na cidade. Sem dúvida, um dos mais importantes arquitetos portugueses do início do século XX, surpreendentemente desconhecido do grande público”.

O arquiteto, nascido em Seixas, Caminha, a 14 de julho de 1866, morreu em Lisboa, aos 53 anos, e fez diversas intervenções enquanto foi vereador da Câmara de Lisboa, entre 1908 e 1913, e, por um curto período, em 1917.

O Palácio das Cortes (atual Assembleia da República), a Sinagoga Shararé Tikvá, Palacete Mendonça, Liceu Camões e Teatro Politeama são alguns dos edifícios emblemáticos deixados por Ventura Terra à capital.

A Casa Ventura Terra (1903), o Palácio Valmor (1906), o Palacete Mendonça (1909), a Casa de António Thomaz Quartin (1911) e a Casa de Artur Prat (menção honrosa 1913) perfazem a lista de prémios Valmor obtidos por Ventura Terra.

Republicano convicto, a sua vida pautou-se pelo empenho cívico, como membro da Sociedade Portuguesa dos Arquitetos Portugueses -- foi, em 1903, o primeiro presidente do Conselho Diretor desta entidade -, e, enquanto elemento da Comissão dos Monumentos Nacionais, organismo a que permaneceu até morrer, em 1919, bateu-se pela conclusão da Igreja de Santa Engrácia, e a sua transformação num panteão.

Depois da antestreia, na Cinemateca, segundo o realizador, o documentário circulará por salas de cinema não comerciais em cidades onde Ventura Terra deixou obra. Mas ainda não há datas agendadas.