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Açores querem que turismo chegue a todas as ilhas durante todo o ano

Foto DR
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O Governo dos Açores quer que o crescimento do turismo chegue a todas as ilhas e ao longo de todo o ano, defendeu ontem a secretária da Energia, Ambiente e Turismo, apontando que a pressão turística é ainda baixa.

Em declarações à agência Lusa, na véspera do Dia Mundial do Turismo, Marta Guerreiro revela que num “período de quatro anos, mais ou menos, os indicadores duplicaram na área do Turismo”.

De 2014 para 2015, ano da liberalização do espaço aéreo açoriano, o número de estabelecimentos turísticos na região aumentou de 305 para 526. Em 2018 eram 1.453 e o número de hóspedes passou de 396.449, em 2014, para 506.157, em 2015, sendo de 840.523 no ano passado.

Referindo-se ao impacto que o aumento do turismo teve nos recursos da região, a governante menciona que, “naturalmente, uma sociedade que está atenta questiona se não será demais e se esses fluxos estão a ser bem geridos”, mas aponta que os dados da pressão turística na região são muito baixos, com uma intensidade turística, que compara o número de turistas com o número de habitantes da ilha, de 2,89% em toda a região, sendo que esse valor é de 9,1% na ilha da Madeira, 26,2% no Porto Santo, 32,4% em Menorca e 36,9% em Lanzarote.

Já a densidade turística, que relaciona o número de turistas com o território, dá uma média de três turistas por quilómetro quadrado em toda a região, sendo que a ilha com maior densidade turística é São Miguel, onde a média é seis turistas por quilómetro quadrado. Comparando com outras ilhas, a Madeira regista 30 turistas por quilómetro quadrado, o Porto Santo 32 e a ilha espanhola de Lanzarote tem uma média de 65 turistas por quilómetro quadrado.

Marta Guerreiro afirma que “essa pressão está bastante limitada no tempo e no espaço”.

E prossegue: “Não quer dizer que não deve a região estar atenta, e está, ao que se passa no setor, e que deve tomar as medidas necessárias para que a fruição dos turistas e dos residentes dos Açores continue a ser a melhor possível”.

Concretizou, ainda, que os desafios provocados pelo aumento do turismo “são basicamente desafios que se concentram em trânsito e em estacionamento” e apontou as intervenções já feitas em vários pontos turísticos de São Miguel, como o miradouro da Vista do Rei, nas Sete Cidades, e o estacionamento criado na Lagoa do Fogo e na Caldeira Velha.

À Lusa, a titular das pastas do Turismo e do Ambiente adiantou que está a ser estudada a introdução de um regulamento que restrinja as descidas à Lagoa do Fogo, “para garantir a qualidade do espaço”.

Numa região onde a pressão turística é ainda baixa, “um dos principais desafios” é o “desenvolvimento harmonioso de todas as ilhas, considerou a secretária regional.

“Não podemos querer que as ilhas cresçam todas no mesmo ritmo, mas devemos querer que todas elas cresçam, e de forma sustentada. Dentro deste crescimento há dois grandes desafios: crescimento geográfico e o crescimento ao longo de todo o ano”, afirmou.

Apesar de “todos os destinos turísticos serem afetados pelo problema da sazonalidade”, Marta Guerreiro sublinha os “resultados efetivos nos índices de sazonalidade, com crescimentos acentuados” e concretiza: “Este ano, os meses em que mais crescemos foram precisamente os meses de janeiro, fevereiro e março. A capacidade de crescer nos meses de julho e agosto é mais limitada, porque o que está disponível é muito menor”.

“É com bastante satisfação que conseguimos perceber que estamos a crescer mais nas franjas. O que se vai traduzir, este ano, sem dúvida, num ano com menor taxa de sazonalidade. Uma tendência que se vem verificando nos últimos anos”, atirou, acrescentando que a região tem “todas as condições para conseguir atrair para épocas do ano consideradas menos altas o turismo”, com atividades como BTT, ‘coastering’, ‘canyoning’, ‘birdwatching’ ou os trilhos pedestres.

A taxa de sazonalidade, que traduz o peso das dormidas de junho a setembro no total das dormidas do ano, diminuiu cerca de cinco pontos percentuais entre 2014 e 2018 em toda a região, sendo que, no ano passado, fixou-se nos 53,5%. As ilhas mais afetadas são o Pico, com uma taxa de 70%, e São Jorge, com 68,6%, sendo que as ilhas onde o problema tem menor expressão são a Terceira e São Miguel, com 50,7% e 50,8%, respetivamente.

Levar os turistas a todas as ilhas “é um dos trabalhos mais desafiantes, mas é muito possível porque todas as ilhas são diferente e têm produtos específicos que não são experienciáveis noutras ilhas”, confessou.

“Isto faz-se com uma definição de produto muito clara e a divulgação e a promoção das ilhas pelos seus produtos diferenciadores. (...) Complementámos este desafio com o que chamamos as rotas temáticas, que estão em elaboração. Neste momento, estão três rotas temáticas a ser terminadas: da cultura da faina baleeira, do Espírito Santo e da vinha, transversais a praticamente todas as ilhas. A experiência de estar nos Açores é muito diferente de ilha para ilha e é precisamente isso que queremos promover”, explicou a governante.

Na sexta-feira assinala-se o Dia Mundial do Turismo.