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PLATAFORMAS, UBER e outras coisas mais!

Mais de metade dos portugueses vivos, são do tempo em que ainda não existiam telemóveis. E, quando eles aparecem, nos anos 70 e tal ou 80, a seguir aos impopulares Pagers ou BIP´s - que serviam exclusivamente para enviar mensagens via rádio - eram uns aparelhos electrónicos, os mais procurados cabiam na palma da mão e serviam para comunicar ... portanto, para realizar telefonemas, informar, combinar, registar, e pouco mais. Hoje, a maioria dos telemóveis á nossa disposição, têm 110 a 140 cm2 de superfície, fazem tudo ou quase tudo, servem para tudo ... acho até que fazem demais !!... com a particularidade da maioria dos seus utilizadores, desconhecerem metade das suas capacidades e funções. Até podem funcionar como engenho explosivo improvisado ... numa bomba de gasolina!

Continuando no antigamente, mais própriamente há trinta ou quarenta anos atrás, para realizar um depósito bancário, uma transferência específica de valores ou outro acto muito banal e comum com uma entidade bancária, era marcada uma entrevista com um funcionário do banco, que deveria ser da nossa confiança - normalmente um conhecido ou até um amigo, ou então, um amigo de um amigo - e no dia combinado, faziam-se os procedimentos, as assinaturas, recebiam-se as fotocópias, as condições dos acordos ... e assim se perdia uma manhã ou uma tarde de trabalho, com a maior das naturalidades. Nessa altura, isso trivial, muito apanágio da época, até servia para conhecer com algum pormenor o ambiente bancário, para além dos seus balcões de atendimento ... balcões que nesse tempo antigo eram enormes, para poder ter espaço suficiente e receber as dezenas ou centenas de pessoas diáriamente, afinal os clientes do dia a dia do normal funcionamento da banca. Hoje, raramente se vai ao banco ... vamos ás caixas bancárias externas ou vamos ao computador ou então vamos fácilmente ao nosso maravilhoso telemóvel! Também nos dias de hoje se consegue mandar ou receber dinheiro, em menos de 60 segundos, ou seja, em menos de um minuto. Uma mais explicação ou recordação sobre aquilo que acontecia no antigamente ... para fazer um vulgar telefonema, levantava-se o auscultador, falava-se para uma operadora, com uma senhora-telefonista, muito bem falante, que estava no outro lado da linha, dizia-se o número do telefone pretendido desligando o telefone de seguida, ficando depois á espera da chamada de volta, a qual poderia demorar 10, 20 minutos ou até mais!

Na capacidade tecnológica actualmente disponível, temos as plataformas - não são como as plataformas petrolíferas, para explorar petróleo no mar - mas são também para fazer explorações, de qualquer tipo ou natureza, para saber informações gerais, saber necessidades práticas, saber das notícias e acontecimentos, comprar, vender, alugar ... e mais tudo aquilo que se possa querer ou imaginar. O serviço UBER, que é muito conhecido em grande parte do mundo, é uma dessas plataformas que facilita de tal modo as deslocações e os acessos, que se tornou absolutamente indispensável pela sua simplicidade e eficiência.

As redes sociais, que também são plataformas, dirigidas ás pessoas, para se encontrarem e discutirem assuntos, para falarem e opinarem ... como de um clube se tratasse. Com a diferença abismal, de que os clubes têm estatutos, têm recomendações e regras, existe um controlo da funcionalidade normal do espaço reservado aos associados, existe boa educação geral, amizade, respeito e bom ambiente. Estes adjectivos, são os requeridos e desejados para o bom funcionamento dum espaço social, de lazer, de prática desportiva, de confraternização, como deve ser um clube, na sua essência primária. Acontece que, nos clubes, como na rua, como na vida, há pessoas que se excedem, que se extravasam ... para fora de uma normalidade reconhecida, recomendada e aceitável, e, perante estes cenários, há que agir, utilizando no caso dos clubes, os seus estatutos, que todos têm na sua organização básica e que servem para corrigir ou banir com facilidade, essas situações anómalas, sejam expontâneas ou premeditadas. Na plataforma a que pertencem as redes sociais, não há regras, nem limites, ninguém é responsável, ninguém justifica o que diz, tudo se vê, tudo se lê, mesmo os maiores disparates, mesmo as maiores mentiras ou especulações. Tudo acontecendo atrás duma capa, pouco transparente, não identificada e de origem não reconhecida. A mesma pessoa pode escrever coisas e loisas, com nomes diferentes e até provocar uma discussão acérrima entre as duas facetas dela própria! Certo?

E como funciona na generalidade a segurança das plataformas? Será que estamos devidamente protegidos e imunizados no acesso a estas plataformas? Como será o controlo das intervenções das pessoas nas ditas estruturas de acesso livre e indeterminado? Numa plataforma específica para obter um serviço, temos de fornecer alguns dos nossos números pessoais - que devem ser pessoais e intransmissíveis - mas que são exigidos, para uma reserva, para uma compra, para um contracto de arrendamento, ... e depois desconhecemos aquilo que pode ficar retido pela entidade que nos fornece o solicitado serviço.

E a anti-socialização provocada por estas plataformas ... em referência particular aquelas das redes sociais? Na sociedade e no dia a dia já se fala pouco uns com os outros ... passando o tempo inteiro a falar com o telemóvel, no restaurante, em casa, no trabalho, na rua ... até a andar pelos passeios e pelas passadeiras ... absorvidos nas conversas, pelas notícias e pelas mensagens. Depois, as redes sociais são o palco predilecto para discussões sobre qualquer tema semi-importante, como exemplo: o abate dos elefantes, para extrair o marfim, a pesca do tubarão, para retirar a barbatana dorsal, passando por outras tantas e muitas, discussões inertes e estéreis ... comentando até á exaustão, criticando com bons ou maus termos, com palavras obscenas, redutoras de um sentido realista sobre as temáticas. O insulto numa discussão destas é tido como uma seiva, ou como um molho explosivo ou tóxico ... para um merecido e reconhecido destinatário.

UBER é uma fórmula, já aprovada, em como se pode realizar uma “operação”, sem sair do sofá! Muita coisa vai acabar no UBER ou numa uberização, com esta capacidade expontânea e lógica de resolver o mais comum dos problemas. Até na medicina ou na saúde se pode uberizar, ... para requisitar um serviço de reabilitação no domicílio, por exemplo, ou fazer uma terapia com aerossol, ou um tratamento de podologia ou até uma pequena cirurgia, com alguma responsabilidade técnica. Tudo é possível, basta usar a imaginação!

Com defeitos ou com facilidades as plataformas são e serão o futuro de muitas actividades, ... simplesmente teremos de garantir a segurança na sua utilização. Saber como se faz, em que circunstâncias, conhecer o sistema de protecção de dados destas plataformas.

A protecção de dados, muito discutida e genéricamente implementada, tem muitas falhas, nos acessos, existindo serviços do Estado que podem aceder, indevidamente, a informações pessoais dos cidadãos. Com a justificação de que fazem parte das funções ou atribuições de alguns sectores do funcionalismo público. Não querendo dar muito relevo a este problema, porque tem de ser resolvido, superiormente, considero que todas estas muito faladas plataformas têm de apresentar garantias legais para os seus utilizadores, muito especialmente, na protecção das informações solicitadas, obrigatórias, com uma blindagem dos dados fornecidos, para o seu pleno e autorizado acesso.

Hoje fico por aqui, com uma pergunta ... na área do futebol: - O VAR é para tornar o desporto mais verdadeiro ou é para o complicar?