Artigos

Os robots e o futuro do emprego

“Olha o robot, É prò menino e prà menina, Olha o robot, Trabalha muito e gasta pouco” são as palavras de uma música dos anos 80 da Lena d’ Água e os Salada de Frutas que me vêm à memória quando vejo serem apresentados os resultados de um estudo que prevê que a automação vai substituir 1,1 milhões de trabalhadores em Portugal até 2030. O mesmo estudo prevê que a mesma automação e o crescimento económico podem levar à criação de emprego de 600 mil a 1,1 milhões, ou seja, pode ser que não haja destruição líquida de emprego mas o mais provável é que venha a haver.

Quem viu os episódios da série “Os Jetsons” onde, nos anos 60 do século passado, se mostrava como se viveria no futuro através de uma série de animação, percebe que a realidade que era apresentada na série que se passava em 2019 é muito diferente da nossa realidade do dia-a-dia, pois muita da automatização preconizada nunca se concretizou. No entanto, existem alguns pormenores que nos parecem familiares nos dias de hoje e que nunca imaginaríamos há 50 anos atrás – relembro um episódio onde um robot professora tira um relógio-televisão de um aluno que a está a visionar durante a aula.

A automação tem custos elevados que a maioria das empresas não consegue suportar, ou seja, assim como nós consumidores não conseguimos ou não queremos comprar toda a tecnologia que nos facilitaria a vida quer por falta de disponibilidade financeira quer por acharmos que não se justifica, também as empresas não têm capacidade financeira para efetuarem todos os investimentos necessários à automação ou consideram que a mesma não é a melhor solução para o seu tipo de negócio. Assim, a automação tem estado muito restrita a grandes companhias com muita disponibilidade de capital para investimento o que não é o caso das empresas portuguesas dada a sua dimensão e capacidade de investimento.

Na área do turismo e da restauração não me parece que o serviço prestado por um robot possa substituir o prestado por um ser humano que nos dá a sua atenção e nos trata de forma única. As visitas repetidas de alguns turistas devem-se, em parte, a empregados que os reconhecem cada vez que visitam novamente a ilha e que os fazem sentir que fazem parte da comunidade que os acolhe. Não acredito que os robots os consigam fazer sentir em casa.

Acho que devíamos querer que a automação comece por permitir que as tarefas mais arriscadas e que mais danos provocam à saúde dos humanos sejam feitas por robots libertando as pessoas que as executavam anteriormente para terem a formação necessária para novas tarefas mais condizentes com a sua condição de Humanos.