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UE quer retoma do diálogo entre Índia e Paquistão para evitar “consequências sérias”

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A União Europeia (UE) solicitou hoje a retoma do diálogo entre a Índia e o Paquistão para evitar “consequências sérias e perigosas” nestes países, após caças indianos terem lançado um ataque aéreo na Caxemira paquistanesa.

“Após o recente ataque terrorista em Pulwama, as tensões militares [...] entre a índia e o Paquistão aumentaram nos últimos dias”, situação que “pode causar consequências sérias e perigosas para os dois países e para a região em geral”, refere em comunicado Alta Representante da UE para a Política Externa, Federica Mogherini.

Afirmando esperar que “os dois países tenham máxima contenção para evitar uma nova escalada de tensões”, a chefe da diplomacia europeia pede a “retoma dos contactos diplomáticos, a nível político, e a implementação de medidas urgentes por ambas as partes”.

“O terrorismo nunca pode ser justificado”, vinca.

Federica Mogherini adianta ter falado por telefone, há dias, com o ministro dos Negócios Estrangeiros do Paquistão, Shah Mahmood Qureshi, para “sublinhar a necessidade de continuar a abordar o terrorismo e de tomar medidas claras e direcionadas relacionadas a todas as formas de atividade terrorista”.

A responsável indica ainda, na nota, que a UE vai manter o contacto com ambos os países e “monitorizar de perto” a situação.

Já na terça-feira, a UE havia aconselhado “máxima contenção” à Índia e a Paquistão para prevenir “uma escalada das tensões” entre os dois países.

“Permanecemos em contacto com os dois países e acreditamos que o que é essencial é que as partes exerçam máxima contenção e previnam uma escalada ainda maior das tensões”, declarou Maja Kocijancic, porta-voz da Alta Representante da UE para a Política Externa, durante a conferência de imprensa diária da Comissão Europeia.

Também na terça-feira, as autoridades indianas confirmaram ter lançado um ataque aéreo “preventivo” na Caxemira paquistanesa e matado “um grande número” de militantes do grupo islâmico Jaish-e-Mohammed (JeM), que reivindicou o ataque suicida de 14 de fevereiro na Caxemira indiana, matando mais de 40 paramilitares indianos.

O secretário do Exterior, Vijay Gokhale, afirmou que a Índia atingiu “o maior campo de treinos” do JeM na região de Balakot.

O atentado suicida da semana passada na Caxemira indiana, que provocou a morte de 42 pessoas, foi o mais mortífero ataque desde 2002.

Reivindicado pelo grupo islâmico JeM, o atentado-suicida foi perpetrado com uma carrinha carregada de explosivos detonada perto de uma coluna de 78 veículos transportando cerca de 2.500 membros da Central Reserve Police Force (CRPF), uma força paramilitar.

A região de Caxemira é reivindicada tanto pela Índia como pelo Paquistão desde o fim da colonização britânica, em 1947.

O total das forças indianas na parte controlada por Nova Deli é estimado em cerca de 500.000 efetivos.

Uma rebelião separatista mortífera destabiliza a Caxemira indiana desde 1989.

A Índia acusa o Paquistão de apoiar de forma dissimulada as infiltrações na sua parte do território e a própria revolta armada, o que Islamabad sempre negou.