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Turquia alerta que reconhecer Guaidó levará a Venezuela “ao caos”

Foto Reuters
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O ministro dos Negócios Estrangeiros turco reiterou hoje o apoio da Turquia ao Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e criticou “a interferência” dos Estados Unidos, ao afirmar que reconhecer Juan Guaidó como chefe de Estado trará “caos” ao país.

“Declarar Guaidó como Presidente de facto levará (a Venezuela) ao caos”, indicou Mevlut Cavusoglu, numa entrevista ao canal turco A Haber TV.

“Existe um Presidente eleito (Maduro). E de facto o presidente do parlamento (Guaidó) declara-se como presidente. Esta é uma situação estranha”, realçou.

Mevlut Cavusoglu criticou ainda a posição dos Estados Unidos por reconhecerem Juan Guaidó como presidente da Venezuela.

“Somos contra o isolamento dos países. Os Estados Unidos estão continuamente a interferir nos assuntos internos da Venezuela”, afirmou Cavusoglu, após reiterar o seu apoio ao Governo de Nicolás Maduro.

O ministro dos Negócios Estrangeiros turco também informou sobre o telefonema do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ao seu homólogo venezuelano para expressar o apoio da Turquia.

“Maduro, irmão! Continua firme, estamos contigo” disse Erdogan, segundo Ibrahim Kalin, porta-voz da presidência turca, na rede social Twitter

Juan Guaidó autoproclamou-se, na quarta-feira, presidente interino da Venezuela, perante milhares de pessoas concentradas em Caracas.

Engenheiro mecânico, de 35 anos, Juan Guaidó tornou-se rapidamente o rosto da oposição venezuelana ao assumir, a 03 de janeiro, a presidência da Assembleia Nacional, única instituição à margem do regime vigente no país.

Os Estados Unidos, à Organização dos Estados Americanos (OEA) e a quase toda a América Latina que já reconheceram Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela.

México, Bolívia, Cuba, Rússia e Turquia mantêm-se ao lado de Nicolas Maduro, que consideraram ser o Presidente democraticamente eleito da Venezuela.

Por seu lado, a UE defendeu a legitimidade democrática do parlamento venezuelano, e sublinhou que “os direitos cívicos, a liberdade e a segurança de todos os membros da Assembleia Nacional, incluindo do seu Presidente, Juan Guaidó, devem ser plenamente respeitados”. Bruxelas instou também à “abertura imediata de um processo político que conduza a eleições livres e credíveis, em conformidade com a ordem constitucional”.

Na quarta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, sublinhou o pleno respeito pela “vontade inequívoca” mostrada pelo povo da Venezuela e disse esperar que Nicolas Maduro “compreenda que o seu tempo acabou” e apelou à realização de “eleições livres”.

Nicolás Maduro iniciou a 10 de janeiro o segundo mandato de seis anos como Presidente da Venezuela, após uma vitória eleitoral cuja legitimidade não foi reconhecida nem pela oposição, nem pela maior parte da comunidade internacional.

A Venezuela enfrenta uma grave crise política e económica que levou 2,3 milhões de pessoas a fugir do país desde 2015, segundo dados da ONU.