Mundo

Sobe para dois número de mortos em confrontos na fronteira com o Brasil

FOTO Reuters
FOTO Reuters

Os confrontos registados hoje no sul da Venezuela, na fronteira com o Brasil, entre o exército e uma comunidade indígena que defende a entrada da ajuda humanitária no território venezuelano fizeram pelo menos dois mortos, segundo um novo balanço.

O novo balanço dos incidentes foi avançado pela organização não-governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos Kapé Kapé, citada pela agência francesa France Presse (AFP).

Deputados da oposição do Estado venezuelano de Bolivar (sul) tinham confirmado anteriormente o registo de uma vítima mortal, uma mulher indígena, e de pelo menos 15 feridos, todos com ferimentos de bala, dos quais três com ferimentos graves.

“Uma mulher indígena e o seu marido morreram e pelo menos outras 15 pessoas da comunidade Pemon [etnia que habita na fronteira entre a Venezuela e o Brasil] do município de Gran Sabana ficaram feridas durante um ataque por uma coluna da Guarda Nacional”, referiu a ONG.

Os confrontos ocorreram quando membros desta comunidade indígena tentaram impedir a passagem de uma coluna de veículos militares para a fronteira com o Brasil, que teria como missão bloquear uma estrada e impedir a entrada da ajuda humanitária internacional, segundo precisou a mesma fonte.

O presidente da Assembleia Nacional (parlamento) e autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, já exigiu que as forças militares venezuelanas entreguem os responsáveis envolvidos nestes incidentes.

Numa mensagem publicada na rede social Twitter, Guaidó exigiu que os generais Jesús Mantilla Oliveros e Alberto Mirtiliano Bermúdez “detenham ou entreguem os responsáveis pela repressão e pelo assassínio dos irmãos Pemon em Kumaracupay (sul) que apoiam a ajuda humanitária”.

As doações (alimentos e medicamentos) oriundas dos Estados Unidos e de outros países encontram-se armazenadas em vários Estados vizinhos da Venezuela, como Colômbia, Brasil e ilha de Curaçao, nas Antilhas holandesas.

A entrada de ajuda humanitária, especialmente os bens fornecidos pelos Estados Unidos, no território venezuelano tem sido um dos temas centrais nos últimos dias do braço-de-ferro entre Juan Guaidó e o Presidente venezuelano contestado Nicolás Maduro.

O governo venezuelano tem insistido em negar a existência de uma crise humanitária no país, afirmação que contradiz os mais recentes dados das Nações Unidas, que estimam que o número actual de refugiados e migrantes da Venezuela em todo o mundo situa-se nos 3,4 milhões.

Só no ano passado, em média, cerca de 5 mil pessoas terão deixado diariamente a Venezuela para procurar protecção ou melhores condições de vida.

Maduro encara a entrada desta ajuda humanitária como o início de uma intervenção militar por parte dos norte-americanos e tem justificado a escassez com as sanções aplicadas por Washington.