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Presidente das Seychelles apela à protecção dos oceanos em discurso subaquático

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O Presidente das ilhas Seychelles, Danny Faure, fez hoje um apelo global à proteção do “coração azul do planeta” dos efeitos das alterações climáticas, num discurso proferido debaixo de água.

“Este problema é maior do que todos nós, e não podemos esperar pela próxima geração para o resolver. Estão a esgotar-se as desculpas para não agir, estamos a ficar sem tempo”, declarou o chefe de Estado a bordo de um submersível, a 120 metros de profundidade, no mar das ilhas que formam aquele país africano.

Danny Faure sublinhou que, da profundeza do oceano, consegue ver “a vida selvagem incrível que precisa de proteção”.

“Criámos os problemas, podemos resolvê-los”, apelou, o Presidente das Seychelles, um país que, como outros pequenos estados insulares, é extremamente vulnerável à subida do nível das águas provocada pelas alterações climáticas.

Faure falava durante uma visita a uma expedição científica liderada pela britânica Universidade de Oxford, que investiga a vida subaquática, mapeando vastas áreas do fundo do mar.

Os oceanos cobrem dois terços do planeta, mas permanecem, na sua maioria, desconhecidos.

“Temos melhores mapas de Marte do que do fundo do mar”, disse Danny Faure.

Pouco se sabe da vida aquática abaixo dos 30 metros de profundidade, o limite acessível a mergulhadores comuns.

Esta expedição opera até 500 metros, sendo os primeiros cientistas a explorar áreas de grande diversidade onde a luz do sol escasseia e começa o oceano profundo.

No final da missão, os investigadores esperam ter recolhido cerca de 1.400 amostras e 16 ‘terabytes’ de informação, numa pesquisa ao longo de 25 mil metros quadrados do fundo do mar, usando sondas multifeixe de alta resolução.

A informação vai ser usada pelas Seychelles para expandir a sua política de proteção de cerca de um terço das águas nacionais até 2020, uma importante iniciativa para a “economia azul” do país, numa tentativa de equilibrar as necessidades de desenvolvimento e de proteção ambiental.

As Seychelles é a primeira de seis regiões que a missão prevê explorar até 2022, altura em que os cientistas apresentarão a sua pesquisa numa cimeira sobre o estado do Oceano Índico, em cujas costas de África e da Ásia vivem milhões de pessoas.

Os cientistas esperam também que a sua pesquisa influencie as conversações que decorrem nas Nações Unidas para um primeiro tratado de conservação do alto mar, cuja conclusão está agendada para este ano.

Organizações ambientalistas defendem que um tratado internacional dessa magnitude é urgente, devido às alterações climáticas, à sobrepesca e à prospeção de minerais preciosos, que estão a colocar uma pressão insustentável na vida marinha.