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Opositores venezuelanos denunciam em Genebra agravamento da repressão

Foto Reuters
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Opositores venezuelanos denunciaram hoje em Genebra o que consideram ser o agravamento diário da opressão no seu país e pediram aos países interessados no futuro da Venezuela para manterem a pressão sobre o governo de Nicolás Maduro.

As críticas foram feitas durante uma iniciativa à margem do Conselho de Direitos Humanos da ONU, organizada pela missão diplomática dos Estados Unidos junto das Nações Unidas em Genebra.

Delsa Solórzano, deputada da Assembleia Nacional venezuelana, denunciou a repressão que o governo de Maduro exerce também contra parlamentares da oposição, o que obrigou vários deles ao exílio.

Adiantou que “64 deputados receberam ameaças ou foram alvo de atentados”, eles próprios ou familiares, “outros são perseguidos ou confiscam-lhe os passaportes para não puderem viajar”.

Segundo o advogado Marcelo Crovato, que há um ano conseguiu abandonar a Venezuela após passar quatro anos preso sem julgamento por defender vítimas de abusos, “na Venezuela não há um governo, mas uma organização criminosa que dirige o país e que não vai ceder nenhum poder a bem”.

A única alternativa para mudar passa por “manter a pressão interna, que estimula a pressão externa”, considerou.

A diretora da organização não-governamental venezuelana Acceso a la Justicia, Laura Louza, disse que a instrumentalização que o governo de Maduro faz do poder judicial “é um exemplo do que sucede quando não são atendidas a tempo as denúncias de atentados à independência da justiça e ao Estado de Direito”.

Diplomatas e ativistas de numerosos países que participam na 40.ª sessão do Conselho de Direitos Humanos estiveram presentes na iniciativa sobre a Venezuela.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o opositor e presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Guaidó contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um Governo de transição e organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, no poder desde 2013, denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

Cerca de 50 países, incluindo a maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, já reconheceram Guaidó como Presidente interino.

Na Venezuela residem oficialmente cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes, número que a própria comunidade diz estar distante da realidade, insistindo que são mais de um milhão, se incluídos os luso-venezuelanos e descendentes que não têm documentação portuguesa.