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ONU defende “despolitização” do fornecimento de ajuda humanitária na Venezuela

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As Nações Unidas defenderam hoje a “despolitização” do fornecimento de ajuda humanitária na Venezuela, solicitando que se reduzam as tensões entre as partes e se estabeleçam “negociações políticas sérias”.

“Estamos claramente inquietos e preocupados com a situação no terreno”, disse o porta-voz da organização, Stephane Dujarric, quando questionado sobre as últimas advertências dos Estados Unidos e as divergências sobre a entrada de ajuda humanitária organizada por Washington e por outros países.

O líder do Parlamento da Venezuela, Juan Guaidó, que se autoproclamou Presidente interino do país, disse que a ajuda pode entrar no dia 23 de fevereiro, apesar da rejeição do Governo de Nicolás Maduro, que considera um pretexto para lançar uma invasão armada.

“A despolitização da ajuda aplica-se a todos”, afirmou Dujarric.

O porta-voz reiterou que a posição do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, continua a ser a de promover uma solução negociada para a crise.

“Estamos a pedir a todas as partes que avancem em direção a negociações políticas sérias e a uma redução nas tensões”, salientou.

De acordo com Dujarric, Guterres e outros altos funcionários da ONU, permanecem em contacto com vários interlocutores e governos e a organização mantém sobre a mesa a sua oferta para mediar o conflito entre o governo e a oposição.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.

A repressão dos protestos antigovernamentais desde 23 de janeiro provocou já 40 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.

Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou mais de 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.

Na Venezuela residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.