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“Mulheres não encaixam” é desculpa para ausência de mulheres nas administrações no Reino Unido

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O Governo britânico revelou hoje algumas das desculpas das empresas do Reino Unido para justificar a ausência de mulheres nos conselhos de administração, incluindo “as mulheres não encaixam” ou “não querem (aceitar) a pressão”.

O Executivo divulgou parte do conteúdo do relatório Hampton-Alexander, elaborado pelo empresário Philip Hampton com o patrocínio do Governo, sobre a presença de mulheres nas direções das 350 maiores empresas do país.

Outras desculpas apresentadas pelas empresas são, por exemplo, que “não há demasiadas mulheres com as credenciais nem experiência para estar no conselho de administração, já que os assuntos que se trata são extremamente complexos”.

Segundo o relatório, os dirigentes masculinos britânicos também afirmaram que “a maioria das mulheres não quer a pressão de se sentar no conselho” e que “todas as mulheres válidas já estão ocupadas”.

“Se aos acionistas não lhes preocupa a composição do conselho (de administração), porque deveria preocupar-nos a nós?”, questionam-se alguns dos empresários participantes no relatório, no qual também afirmam: “Não posso designar uma mulher só porque eu quero”.

Alguns empresários argumentam que os colegas “não iriam querer nomear uma mulher” ou asseguram que “não há vagas” e outros dizem que “já têm uma mulher e que por isso agora é a vez de outros”, revela ainda o relatório.

O secretário de Estado de Empresas, Andrew Griffiths, declarou que “é chocante que algumas companhias pensem que estas desculpas patéticas e condescendentes são razões aceitáveis para excluir as mulheres de altos cargos”.

Griffiths sublinhou que “as empresas de maior êxito são as que fomentam a diversidade”.

Amanda Mackenzie, presidente da organização Business in the Community, que promove a responsabilidade empresarial, disse que, “lendo esta lista de desculpas, parece que estamos em 1918 e não em 2018”.

“Se calhar quem dá crédito a estas desculpas são os que não deveriam estar sentados nos conselhos de administração e deveriam ir-se embora”, afirmou.

O relatório, que será apresentado na íntegra em 27 de junho, sublinha que “cerca de um terço das 350 maiores empresas ainda têm poucas mulheres nos seus conselhos ou em posições de liderança”, e insta as companhias a terem pelo menos um terço dos cargos de direção ocupados por mulheres em 2020.