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Inflação na Venezuela caiu mas continua a paralisar o aparelho produtivo

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A inflação na Venezuela caiu para 24,8% em junho, depois de ter registado 33,1% em maio, segundo dados divulgados hoje pela Comissão de Finanças da Assembleia Nacional (parlamento, onde a oposição detém a maioria).

No entanto, na Venezuela “mantém-se o processo inflacionário”, os venezuelanos compram cada vez menos com o salário que recebem e a inflação continua a paralisar o aparelho produtivo do país.

“A inflação fechou o mês de junho de 2019 em 24,8%, enquanto que a variação acumulada [desde janeiro] foi de 1.155% e a interanual [junho de 2018 a junho de 2019] foi de 445.782,2%”, disse o presidente daquela comissão aos jornalistas.

Durante uma conferência de imprensa, Ángel Alvarado explicou que “esta inflação tem paralisado o aparelho produtivo venezuelano”.

“São precisos 12 meses com um índice inflacionário inferior a 50% para dizer que o país saiu da hiperinflação. Temos casos de países que registaram três meses em baixa e depois a inflação se disparou novamente”, disse.

Alvarado explicou ainda que “o tipo de câmbio [cotação da moeda estrangeira] também influi nos preços, que têm estado um pouco mais estáveis”, assim como outros motivos, entre eles “a queda do consumo e a contração da economia”.

Por outro lado, sublinhou que há um ano que o Presidente, Nicolás Maduro, anunciou um “programa de estabilização” económica, mas “o venezuelano cada dia compra menos produtos com o seu salário”.

Os alimentos e as bebidas não alcoólicas foram, segundo aquele responsável, os produtos que registaram menor inflação (22%), o transporte público aumentou 26,4% e os bens e serviços diversos registaram a maior subida, alcançando 102,4%.

Quanto ao poder de compra dos venezuelanos, explicou que a descida da inflação não se traduz numa melhoria porque “o salário mínimo continua a ser um salário de fome” pois é equivalente a cinco dólares americanos e com ele apenas é possível adquirir 3,5% do cabaz básico alimentar.

Segundo o Centro de Documentação e Análise para os Trabalhadores (CENDA), para cobrir as necessidades básicos e pagar os alimentos, os venezuelanos necessitam pelo menos de 400 dólares para uma família de cinco pessoas.

Segundo o relatório sobre a situação venezuelana, divulgado recentemente pela Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, “3,7 milhões de pessoas, na Venezuela, estão desnutridas”.

Por outro lado, a organização não-governamental Cáritas tem chamado a atenção para a existência de “níveis particularmente altos de desnutrição entre meninos e mulheres grávidas”.