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Ex-presidente da Renault-Nissan nega que família tenha ajudado fuga para Líbano

FOTO EPA
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O ex-presidente executivo da Renault-Nissan Carlos Ghosn afirmou hoje ter organizado “sozinho” a sua fuga do Japão, onde é acusado de peculato financeiro, para o Líbano, negando qualquer implicação da sua família.

“As alegações feitas na comunicação social de que a minha mulher, Carole, e outros membros da minha família tiveram um papel importante na minha saída do Japão são falsas”, afirmou em comunicado enviado à agência francesa de notícias AFP.

“Fui eu quem organizou a minha saída [do Japão]. A minha família não teve nenhum papel” nesta decisão, acrescentou

Carlos Ghosn, empresário franco-brasileiro de origem libanesa, estava em prisão domiciliária no Japão a aguardar julgamento por, entre outros crimes, evasão fiscal, mas chegou no domingo ao Líbano, informação confirmada pelos serviços de segurança libaneses.

Procuradores japoneses efectuaram hoje uma rusga em casa do ex-presidente da Nissan, tendo como pano de fundo - segundo a televisão pública NHK - a alegada violação das leis de migração por Carlos Ghosn, que conseguiu deixar o país ilegalmente sem passar pelos procedimentos legais previstos.

Segundo o jornal libanês al-Joumhouriya, Carlos Ghosn terá chegado a Beirute num avião privado proveniente da Turquia.

Carlos Ghosn, antigo ‘chairman’ (presidente do conselho de administração) e presidente executivo do grupo Nissan e da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, foi detido em Tóquio em 19 de Novembro de 2018 por suspeita de abuso de confiança e evasão fiscal.

O empresário, que esteve detido durante vários meses no Japão, foi, posteriormente, libertado em Março de 2019, após o pagamento de uma caução, mas acabou por ser novamente preso, no início de abril, e novamente libertado sob caução e sujeito a condições restritas (prisão domiciliária).

Os advogados e a família de Carlos Ghosn, de 65 anos, têm criticado fortemente as condições da detenção do empresário, bem como a forma como a justiça nipónica tem gerido os procedimentos deste caso.

Ghosn chegou à Nissan em 1999 como presidente executivo para liderar a recuperação do fabricante, com sede em Yokohama, depois de ter oficializado uma aliança com a francesa Renault.

O ministro da Justiça libanês, Albert Serhan, já disse ter recebido um mandado internacional da Interpol para a detenção de Ghosn e adiantou que o aviso vermelho (Red Notice) da Interpol para o antigo presidente da Nissan foi recebido hoje pela manhã através da procuradoria libanesa.

Os chamados avisos vermelhos da Interpol são solicitações às agências policiais em todo o mundo para que localizem e detenham provisoriamente um fugitivo procurado.

As autoridades turcas detiveram hoje várias pessoas suspeitas de ajudar o ex-presidente da Renault-Nissan, Carlos Ghosn, na sua fuga do Japão, onde estava a ser processado, para o Líbano -- via Istambul -, divulgaram os ‘media’ locais.