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Dirigentes políticos franceses acusam governo de estar alheado da realidade

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Dirigentes políticos franceses de esquerda e de direita criticaram hoje as declarações do primeiro-ministro, Edouard Philipe que disse à France 2 que apesar de entender a “ira” dos manifestantes, as taxas sobre combustíveis vão ser aplicadas.

Em França a mobilização dos manifestantes identificada como “coletes amarelos” intensificou-se nos últimos dias em protestos ocorridos nas principais cidades do país.

“Ele (primeiro-ministro) está errado e está a exacerbar a raiva”, disse a porta-voz dos republicanos, Laurence Sailliet à estação Franceinfo quando questionada sobre as declarações do chefe do governo.

“As declarações dele foram o cúmulo da mentira e do desespero” afirmou Sailliet acrescentando que o primeiro-ministro está “totalmente afastado “dos franceses.

“Edouard Philippe falou bem... para não dizer nada. O boxeur está cansado: Após dois dias de manifestações não vale a pena esquivar-se”, disse Jean-Luc Mélenchon, líder da França Insubmissa, através de uma mensagem divulgada na rede social Twitter.

“Ele poderia ter dito: ‘eu irrito-vos’. Teria sido mais curto e teria dito a mesma coisa”, considerou Ian Brossat, cabeça de lista do Partido Comunista Francês para as eleições europeias, numa mensagem escrita no Twitter.

“Depois da entrevista vazia do presidente (Emmanuel Macron), eis que temos a entrevista vazia do primeiro-ministro. Não mudou nada e nada foi anunciado”, afirmou o porta-voz do Partido Socialista, Boris Vallaud também através das redes sociais.

Em reação, o dirigente socialista Olivier Faure pede a realização de “Estados Gerais sobre o poder de compra, financiamento e energia”.

O eurodeputado e dirigente do Rassemblement National, Nicolas Bay criticou na Radio Classique “um primeiro-ministro que entende a ira, mas que, mesmo assim, não vai fazer nada”

Nicolas Dupont-Aignan, do Debut, considerou “insuportável” a entrevista do primeiro-ministro transmitida no domingo.

Através do Twitter frisou que o “governo de tecnocratas está afastado da realidade e dos franceses”.

Julien Bayou, porta-voz dos ecologistas (EELV) escreveu hoje de manhã uma série de críticas contra o primeiro-ministro na rede social Twitter.

“E agora? Vai promover benefícios fiscais para financiar a transição ecológica e ajudar os mais fracos? Não é possível pedir esforços a uns quando poupamos os outros”, refere o porta-voz do EELV.

Confrontos entre a polícia e manifestantes durante os protestos convocados no fim de semana pelos “coletes amarelos” provocaram 409 feridos, 14 dos quais em estado grave e 282 pessoas foram detidas.

Numa manifestação uma mulher foi atropelada mortalmente.

O descontentamento dos cidadãos franceses foi provocado pelo anúncio do governo que decretou uma subida dos impostos sobre os combustíveis na ordem dos 7,6 cêntimos por litro de diesel e de 3,9 cêntimos de gasolina.

De acordo com o executivo a medida pretende evitar o uso de veículos que contaminam o ambiente e promover a energia limpa.

O governo anunciou também que a partir de janeiro vão ser aplicadas taxas suplementares de 6 e 3 cêntimos por litro de diesel e de gasolina, respetivamente.