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Diário venezuelano ‘Panorama’ circulou hoje pela última vez em 104 anos por falta de papel para imprimir

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Após 104 anos em circulação, o diário venezuelano Panorama circulou hoje impresso pela última vez devido à escassez de papel de jornal no país, elevando para 67 os meios de comunicação que fecharam total ou parcialmente as portas desde 2013.

“Esgotou-se o ‘stock’ de papel e todos os esforços para fazer a reposição. Devemos fazer uma pausa na impressão, mas continuamos conectados através de www.panorama.com.ve e em todas as nossas plataformas digitais, para continuar a ser referência do jornalismo”, explica-se na capa de terça-feira do jornal.

Naquela que foi a sua última edição impressa, o Panorama explica que está a fazer “uma paragem no caminho”.

“O Panorama impresso diz até breve aos seus leitores. Por mais que nos esforçássemos na administração do papel, este acabou e repô-lo no meio de um ambiente económico hostil tem sido impossível”, pode ler-se no jornal.

“Em homenagem ao jornalismo que durante 104 anos temos praticado e que continuaremos, com desenvolvimento nas nossas múltiplas plataformas digitais, oferecemos-lhes hoje [terça-feira] uma edição histórica, como memória do país que fomos, que somos e com a fé posta num melhor futuro para a Venezuela”, sublinha-se na edição.

“A edição 35.549 deixa para trás milhões de páginas dedicadas à defesa do [Estado de] Zúlia, à convivência com a tolerância que tanta falta nos faz. Ao entendimento e à negociação porque o país está urgido de encontrar uma saída consensual à crise que passamos”.

Os dirigentes do jornal propõem transferir a força do papel para o mundo digital, garantindo que continuarão com a mesma responsabilidade e profissionalismo.

O diário Panorama foi fundado em 1914, no Estado venezuelano de Zúlia (800 quilómetros a oeste de Caracas). É tido como um jornal de referência e, apesar de ser um jornal regional, cobre os assuntos de interesse em toda a Venezuela.

Segundo o Instituto de Imprensa e Sociedade da Venezuela (IPYS, siglas em castelhano), desde 2013 que pelo menos 67 jornais fecharam as portas, total ou parcialmente, devido à situação política, económica e à falta de papel para imprimir.