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Comunidade internacional isolou Maduro e legitimou governo interino

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Ao reconhecer o líder da oposição na Venezuela, Juan Guaido, como Presidente interino, o Presidente dos EUA validou hoje um “golpe de estado” que tem origem no isolamento político do Presidente Nicolas Maduro.

Depois de vencer as eleições em maio de 2018, com 60% dos votos, Nicolas Maduro considerava que a sua reeleição para um novo mandato iria pacificar a situação na Venezuela, mas no início deste ano, quando a oposição impediu que ele tomasse posse no edifício do Parlamento, obrigando-o a jurar a Constituição no Supremo Tribunal Eleitoral, era evidente que a crise política apenas se tinha agudizado.

As últimas semanas foram uma montanha russa de emoções políticas, com a oposição a repetir a ideia de falta de legitimidade de Nicolas Maduro, secundada pela comunidade internacional, liderada pelos EUA, que deixou o Presidente isolado, interna e externamente.

O agravemento da crise económica e uma inflação de quatro dígitos acrescentaram-se à crise política e tornaram a posição de Nicolas Maduro ainda mais frágil, levando a população para infindáveis e violentas manifestações nas ruas.

Até o Grupo de Lima (constituído por 14 países das Américas) rejeitou as pretensões de Maduro e declararou apenas reconhecer legitimidade ao Parlamento, tornando a situação política na Venezuela insustentável.

No dia 13, o regime de Nicolas Maduro começou a contra-ofensiva, prendendo o presidente da Assembleia Nacional e líder da oposição, Juan Guaidó, levado para um lugar secreto depois de ser detido em plena via pública.

Logo de seguida, o Ministério da Defesa da Venezuela anunciou a prisão de um grupo de militares que se rebelou contra o regime, que seriam mais tarde libertados, depois de forte contestação popular nas ruas de Caracas.

Na semana passada, a Assembleia Nacional decidiu considerar Maduro como “usurpador” e apoiou um governo de transição, para preparar a deposição do Presidente eleito.

Contudo, na segunda-feira, o Supremo Tribunal da Venezuela (dominado por magistrados próximos do regime de Maduro) rejeitou a proposta de considerar Guaidó como presidente da Assembleia Nacional, retirando legitimidade a qualquer decisão desse órgão.

No mesmo dia, o Supremo Tribunal pediu ao Ministério Público para investigar eventuais crimes cometidos por Guaidó, procurando limitar a margem política do líder da oposição.

Hoje, Juan Guaidó declarou-se Presidente interino da Venezuela, perante milhares de cidadãos que se manifestaram nas ruas, provocando incidentes com a polícia, que fizeram pelo menos cinco mortes.

Guaidó conseguiu já o apoio declarado do Presidente dos EUA, da Organização dos Estados Americanos, e vários países estão a solidarizar-se com o líder da oposição, rejeitando a legitimidade de Nicolas Maduro.