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China preparada para ouvir “retórica inoportuna” no Conselho dos Direitos Humanos da ONU

Foto Global Imagens
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A China disse ontem estar preparada para ouvir qualquer “retórica indesejável e inoportuna” sobre certas questões, nomeadamente sobre os protestos em Hong Kong, a poucos dias do início da reunião do Conselho dos Direitos Humanos da ONU em Genebra.

A 42.ª sessão do Conselho dos Direitos Humanos da ONU arranca na próxima segunda-feira na cidade suíça e irá prolongar-se até ao dia 27 de setembro.

O embaixador da China junto desta instituição da ONU, Chen Xu, insistiu que Pequim não acredita que o Conselho dos Direitos Humanos seja o “local apropriado” para discutir questões como as manifestações em Hong Kong.

Citado pela agência norte-americana Associated Press (AP), o embaixador frisou que a resposta do Governo chinês aos protestos pretende manter a lei e a ordem.

Hong Kong, antiga colónia britânica, está a atravessar a sua pior crise política desde a sua transferência para as autoridades chinesas em 1997.

Nos últimos três meses, o território tem sido palco de manifestações pró-democracia quase diárias que muitas vezes têm degenerado em confrontos entre as forças policiais e activistas mais radicais.

Iniciada em junho contra um projeto-lei de alteração, entretanto anulado, à lei da extradição (que visava permitir extradições para Pequim), a contestação nas ruas generalizou-se e ampliou as suas reivindicações, denunciando agora o que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” e uma ingerência da China nos assuntos internos daquele território.

Na terça-feira, o movimento pró-democracia que tem liderado os protestos em Hong Kong lançou uma petição para exigir ao Governo do território que submeta um relatório sobre direitos humanos na ONU até 28 de setembro.

“O Governo de Hong Kong era obrigado a enviar o 4.º relatório à ONU até 30 de março de 2018, mas não o fez até agora”, criticou então a Frente Cívica de Direitos Humanos (FCDH), num comunicado enviado à agência Lusa.

O mesmo movimento reivindicou que o relatório seja alvo de uma actualização, no qual conste que a situação que se vive em Hong Kong há três meses está a ser marcada por mais de um milhar de detenções e por violentos confrontos entre manifestantes e a polícia.

Outro assunto que poderá levantar críticas a Pequim durante o Conselho dos Direitos Humanos são os centros de detenção governamentais em Xinjiang, vasta região no noroeste da China onde a etnia muçulmana uigure é majoritária.