Madeira

Rocha da Silva diz haver “manipulação de provas” na árvore que matou 13 pessoas

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O ex-director regional de Florestas da Madeira Rocha da Silva manifestou hoje ao Ministério Público a sua convicção de que houve “manipulação de provas” no caso da árvore que caiu no Monte em 2017, matando 13 pessoas.

Rocha da Silva apresentou em dezembro uma acção no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Funchal a pedir esclarecimentos sobre as perícias ao carvalho, tendo hoje sido ouvido no Ministério Público.

“Vim transmitir a confirmação da queixa por mim apresentada sobre as evidências que apontam para uma manipulação de provas”, revelou Rocha da Silva, que é também o perito da Diocese do Funchal na questão da queda da árvore.

Segundo o ex-director regional das Florestas, a “manipulação de prova” diz respeito a um cogumelo que “existiu durante um determinado tempo, deixou de existir e, depois, voltou a estar” no relatório feito à queda da árvore e que foi, na altura, fotografado por ele e pela comunicação social.

“Há um determinado tipo de cogumelos chamados “lenhicolas” que têm uma consistência lenhosa e, eu, publicamente provei a sua existência através de fotos”, referiu.

Para Rocha da Silva, em termos de diagnóstico, “a sua localização indica que, por ele ali ter nascido [na árvore], houve uma deslocação da árvore e, pela sua natureza, dado que é um cogumelo que se alimenta de tecidos mortos, quer dizer que, onde ele estava, já os tecidos estariam mortos”.

“Vim prestar declarações e, agora, a questão será tratada em sede própria, no seio da instituição judicial”, acrescentou.

No dia 15 de agosto de 2017, no Dia da Assunção de Nossa Senhora, também conhecido por Dia de Nossa Senhora do Monte, padroeira da Região Autónoma da Madeira, um carvalho centenário de grande porte abateu no Largo da Fonte, caindo sobre várias pessoas que aguardavam pela passagem da procissão.

O incidente causou 13 mortos, dois dos quais estrangeiros, e 50 feridos.

Na sequência deste acidente, o presidente da Câmara do Funchal, Paulo Cafôfo (reeleito nas autárquicas de 01 de outubro de 2017 na coligação PS/BE/JPP/PDR/Nós, Cidadãos!, que entretanto perdeu o JPP), a vereadora do Ambiente (vice-presidente) e um funcionário municipal foram constituídos arguidos.

Em 04 de outubro, o Ministério Público anunciou que requereu o julgamento da vice-presidente da Câmara do Funchal e de um chefe de divisão municipal por homicídio negligente.

Segundo uma nota divulgada no ‘site’ da Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa, Idalina Perestrelo (vereadora do Ambiente Urbano, Espaços Verdes e Espaços Públicos, Gestão Ambiental e Conservação da Natureza) e Francisco Andrade (chefe da Divisão de Jardins e Espaços Verdes Urbanos) estão acusados de 13 crimes de homicídio negligente e 24 crimes de ofensas à integridade física por negligência.

Em relação ao terceiro arguido, Paulo Cafôfo, “foi proferido despacho de arquivamento parcial por insuficiência da prova indiciária”.

Paulo Cafôfo é o candidato do PS nas regionais de 22 de setembro.