Há festa na Ilha

Como diz o povo “a Ilha está sempre em festa”.

Está de parabéns a Ilha pela sua 25ªSemana Cultural (24nov a 1 dez) que, pela visão dos seus organizadores e pela assaz persistência e pertinência, tem ganho, ano após ano, o merecido prestígio e a visita de vasto e diverso público, pela atualidade do seu programa e pelos pertinentes assuntos que nela são explorados.

É no espaço - Centro Cívico daquela localidade que se realizam e se efetuam a maior parte dos convívios entre locais e visitantes, através das atividades da sua Casa do Povo, com a colaboração de entidades locais e regionais, a junta de freguesia e a paróquia.

Entre os eventos mais conhecidos referimos a Festa do Limão e a Festa do Emigrante, cartazes de destaque do calendário de eventos regionais promovidos na nossa terra, e que trazem a esta freguesia muitos madeirenses e visitantes de outras paragens, pela sua qualidade, pela promoção do seu povo e da riqueza do comércio local e por serem, quanto a mim, dos eventos mais bem organizados na temática da agricultura e diáspora.

À riqueza de uma área agrícola, acresce a visão e a ação de jovens conterrâneos que persistem em promover a sua terra. Relembre-se o roteiro tradicional criado pela Casa do Povo local há uns anos a esta parte, sob o lema “O nosso Povo, a nossa marca” que, para além do percurso e contacto com a natureza, convidava os seus visitantes à exploração do meio envolvente, numa viagem pelas tradições da localidade, apresentando, divulgando e promovendo a riqueza da freguesia.

Na Ilha encontramos um vasto manancial de potenciais atividades que poderiam ser aproveitadas pelas entidades locais de forma a rentabilizar melhor todo o comércio local, assim como a divulgação além-mar deste pequeno local idílico.

Numa área privilegiada pelos encantos naturais da zona em que se integra, com os sons campestres e clima ameno, convidativa à realização de trabalhos artísticos/paisagísticos, assim como a uma experiência da vida rural para os nossos visitantes, urge repensar e rentabilizar os espaços já criados, como o Centro Cívico, que aloja a Casa do Povo e outros espaços esquecidos, como o destacado para a associação desportiva local (sem atividade há quase 20anos), que poderiam ser importantes para potenciais empreendedores e utilizados, por exemplo, para um acolhimento anual de visitantes atraídos para um “turismo artístico”.

Porque não a criação de um hostel, uma residência artística, uma área de formação em temáticas variadas assim como em serviços do primeiro sector agropecuário, entre outros, trazendo novas oportunidades e rentabilidades? Porque não explorar o alojamento local nesse espaço para uma experiência rural através de projetos como o esquecido roteiro criado há alguns anos, convidando os visitantes a fazer parte da rotina da Ilha, dos afazeres tradicionais, do cuidar dos animais, da feitura do pão, da recolha da erva, da realização de doces e licores da localidade, no conto e reconto de histórias do seu povo, enfim ... com o clima e o cheirinho tradicional das chaminés e a simpatia da sua gente?

Como adepto da preservação, mas também da promoção do que de bom há na nossa terra, vislumbro a eficácia e o sucesso de atividades como estas apresentadas a um público mundial e mesmo ilhéu. Quem não gostaria de ter a oportunidade de comungar do silêncio, da natureza, e da tradição, numa localidade privilegiado como este?

Vamos à Ilha?

Roberto João