Cemitério do Porto da Cruz

É com grande revolta, indignação e profunda tristeza que estou a escrever este email mas também com esperança que ao fazer esta exposição seja encerrado o CEMITÈRIO DO PORTO DA CRUZ e, dessa forma,

mais nenhuma familia passe pelo sofrimento que a minha passou. No dia 13/02/2019, a minha mãe , que vive no Porto da Cruz, quando foi ao funeral de um senhor que lá faleceu e ficou em estado de choque quando viu que no local onde iriam enterrar o senhor, era precisamente, o sítio onde estava enterrado o seu marido ( meu pai, que faleceu em 2014). Ela estava atónita, ninguém informou nem telefónicamente nem por escrito que isto ia acontecer. Sabia que o cemitério tem falta de espaço e que um dia teria de transladar o marido para outro cemitério mas estava á espera que fosse contatada nesse sentido.

Ficou em estado de choque, ainda com as pessoas do funeral, olhou em volta, e viu que a lápide do seu marido tinha desaparecido, as jarras de flores jogadas num canto, e os restos mortais não sabia onde estavam e nem sabia em que condições tinham feito esta mudança. Ficou trantornada e perguntou ao coveiro onde estaria os restos mortais do seu marido e porque não a avisaram. Este olhou para ela e nada lhe disse.

Que comportamento é este? Onde está o respeito com os nossos mortos?

Isto parece de um país de terceiro mundo e mesmo assim, lá não tratam os mortos assim. Com esta indignação e com tanto sofrimento fui falar com o responsável pelo pelouro do planeamento, ordenamento do território, urbanismo, ambiente, trânsito e cemitérios da CMM. Devo dizer que fui muito bem atendida, recebi vários pedidos de desculpa pelo sucedido mas não havia nada a fazer, somente poderia e comprometia-se a fazer um memorial ao meu pai quando fizessem as obras naquele cemitério que vão acontecer em breve.

Agradeci naturalmente mas não era aquilo que eu queria ouvir. Foi-me dito que o cemitério do Porto da Cruz está numa situação insustentável e que já devia estar encerrado mas o padre da paróquia insiste em dizer que há ainda “vagas” para fazer lá os funerais e as familias também, quando a CMM oferece os funerais ás familias que aceitem fazer o funeral em Machico. Eu acredito que se as pessoas soubessem como as coisas são feitas aceitariam ir para machico fazer os funerais, o problema é que não explicam ás pessoas em que condições arranjam “ vaga” para poderem ser enterradas novas pessoas. Sim, são pessoas que estão ali sepultadas e por isso, os seus restos mortais merecem ser tratados com dignidade. Mas não é isso que é feito. Os “ talhões” são feitos e quando vão retirar os restos mortais, não são unicamente de uma sepultura mas de várias. Quando o meu pai faleceu a familia acordou fazer uma lápide que nos disseram que só seria retirada após 5 anos, neste momento passou para 3 anos devido à sobrelotação dos cemitérios. Compreendemos que possa haver essa necessidade e que tenham de reduzir o tempo de permanência das Lápide e das sepulturas mas, por favor, AVISEM AS FAMILIAS para que se possa preparar e possa decidir o que fazer com os restos mortais. Segundo o Dr. Hugo não autorizam a transladação porque não é digno as famílias serem expostas aquele cenário mas serão dignas de verem desaparecer a lápide dos seus familiares e de não saberem o que foi feitos dos seus restos mortais? Do que me transmitiram os restos foram transportados para Machico para serem incinerados . Eu pergunto, será que foram mesmo? Em que condições são transportados? Obedecem ás regras constantes dos artigos 6.º e 7.º do Decreto-Lei n.º 411/98, de 30 de Dezembro, com as alterações que lhe foram introduzidas pelo Decreto- -Lei n.º 5/2000, de 29 de Janeiro e pelo Decreto-Lei n.º 138/2000, de 13 de Julho?

Posto isto, eu insisto na pergunta:Porque deixaram chegar a este ponto esta situação?

Porque não encerram de imediato o cemitério e se acaba de uma vez por todas com este atentado a vários níveis . As famílias merecem chorar os seus familiares sabendo que é ali que estão os restos mortais dos seus entes queridos.

Faço esta exposição para que alguma coisa mude e se passe a respeitar os nossos entes queridos. Para que se investigue como são feitas as coisas e se encerre de uma vez por todas o cemitério do Porto da Cruz e se encontre uma solução digna para supultarem os nossos entes queridos.

Adelaide Santos