Ao Manel

O poeta está a uma estrofe de se tornar pateta. O Alegre se faz triste ao pretender cantar que as touradas são uma tradição nacional, quando às arenas e praças de barbárie pública, vão em romaria meia dúzia de campinos e outros marialvas citadinos da capital, e mais uns quantos aficionados com a cabeça ocupada com ornamentação de osso pontiagudo. Outros ainda com tempo e dinheiro, que lhes chega por via dum parasitismo histórico e do Orçamento estatal, aplaudem tal espectáculo para se inspirarem e fazer obra, tal como as guerras e todas as desgraças, deram origem ao aparecimento de grandes obras literárias e cinematográficas, e talentos reconhecidos, e agora este, e mais aquele bon vivant a desejá-lo vir a ser, quando regressarem da caça. Tudo à custa de sofrimento e de sangue, seja pela estocada da seta, da espada, da bala, ou da palavra desumana, e disfarçada com traje lírico, ao som do toque na corneta, como trombeta de circo e romano manchado. Lembremos ao “inteligente” e ao poeta, que uma praça de touros, não é uma “praça da canção”!