A solidão do Líder

Muita tinta tem corrido, muito comentário inflamado tem sido produzido, muito azedume tem sido destilado, a propósito da atitude de um líder desportivo português. No essencial essas opiniões resvalam para questões laterais do apito dourado, e-mails vermelhos e hegemonias diversas. Não conseguem vislumbrar qualquer coisa para além da bruma, da espuma e do ruído. É preocupante. Nesse micro-cosmos repetem-se episódios dramáticos da nossa história universal. Há um líder que se afirma pela obra, inebria-se com o poder, cria uma purga, engendra jogos maquiavélicos, elege proscritos, manipula a informação, infunde o medo e cavalga no sentimento de orfandade que semeia. É o deus sol, para além dele só o caos. Neste espectro até as mais ilustres cabeças se deixam enredar, não concordam com o método, mas com o fim. Engrossam a massa ululante e resgatada do vazio. Este não é um problema de um clube, e muito mais vasto que isso. É um problema civilizacional. Já devíamos ter aprendido com a história. Mas não, vamos repetindo estes erros, legitimando grandes e pequenos ditadores. É isto que me faz duvidar da humanidade e da sua sensatez. Já agora, não se preocupem que a história fará o seu ciclo e sinistramente repetir-se-á no próximo sábado.