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Joana Vasconcelos “volta a casa” com exposição “I’m Your Mirror” em Serralves

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A exposição “I’m Your Mirror”, da artista portuguesa Joana Vasconcelos que ontem foi inaugurada no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, representa “o voltar a casa, ao ponto de partida” da criadora.

“Foi aqui que eu fiz a minha primeira exposição com outros artistas internacionais, é bom voltar aqui após 20 anos com uma exposição individual para mostrar como desenvolvi a minha obra, como eu sou e o que aconteceu desde então”, disse.

Joana Vasconcelos falava em conferência de imprensa realizada no final de uma visita guiada à exposição que abre ao público na terça-feira e fica patente em Serralves até 24 de junho, estendendo-se pelo Parque de Serralves e até pela avenida Marechal Gomes da Costa.

“Vão ver duas partes da minha obra, é uma exposição antológica no sentido em que acompanha os diferentes períodos da minha vida. Não é um só discurso ou apenas um tipo de obras que existe dentro da minha obra maior, mas sim vários pontos de vista e vários ângulos”, afirmou.

Questionada sobre qual das obras seria a sua preferida, a artista admitiu que, “emocionalmente”, o “Coração” é uma peça sem a qual não consegue viver, assim como os sapatos “Marilyn”, que “são indissociáveis” da sua obra.

“Se por um lado ‘A Noiva’ [um lustre composto de tampões higiénicos] é a peça que me traz aos palcos internacionais e que no fundo me coloca no mundo de Veneza [na Bienal de 2005] e no mundo internacional das artes, a máscara veneziana é o momento em que estou, é uma peça que fiz para o Guggenheim, assim como o anel, são peças do presente, ou a burca por temas mais feministas”, disse.

Na verdade, sublinhou: “Há aqui um conjunto muito forte da minha obra que revela as minhas diferentes perspetivas, as minhas diferentes preocupações sobre o mundo, sobre quem eu sou e sobre o país”.

A exposição começa, precisamente, com o país, com a obra “Portugal a Banhos” exposta na avenida Marechal Gomes da Costa.

“Tem momentos muito fortes que têm a ver exatamente com os tais percursos seguidos pela minha obra, que tem um discurso muito aberto, apesar de ter uma raiz muito forte em Portugal, nos nossos símbolos, na nossa identidade, mas os sentimentos não têm identidade, sentem-se”, acrescentou.

A este propósito, Joana Vasconcelos recordou “ocasiões em que pessoas que não sabiam nada da Viana do Castelo ou sobre a tradição da filigrana choraram junto ao coração apenas por ouvirem a Amália e por olharem para aquela peça”.

“Aprendi que podemos ter uma raiz muito forte na nossa identidade, no nosso país, e eu tenho, mas depois a forma como se comunica tem de ser internacional e via sentimentos. É através dos sentimentos que nos comunicamos a maior parte do tempo”, acrescentou.

Sobre o regresso a Serralves, a artista plástica considerou que “aconteceu no momento certo para o fazer”.