IRS Jovem ou devolução das propinas?
Os jovens diplomados são obrigados a escolher. Qual será a melhor opção?
Os jovens diplomados do ensino superior que ainda não estão a beneficiar da devolução das propinas vão poder receber o prémio de valorização das qualificações, mas terão de escolher entre esse apoio ou o IRS Jovem. O anúncio foi feito, esta semana, pelo ministro de Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre.
Agência Lusa , 02 Setembro 2025 - 18:19
Então, entre a devolução das propinas ou os benefícios do IRS Jovem, qual vale mais a pena?
Dia 2 de Setembro, Fernando Alexandre avançou que “continuarão a ser pagos os pedidos já aprovados, no entanto, nos novos pedidos, os diplomados irão optar entre o prémio salarial e o IRS Jovem”. Ou seja, quem escolher o IRS Jovem fica automaticamente excluído do prémio salarial e vice-versa.
O prémio salarial de valorização das qualificações, que corresponde, no fundo, à devolução das propinas foi aprovado pelo governo liderado por António Costa em 2023. Destina-se a jovens até aos 35 anos, que residam e trabalhem em Portugal, permitindo que recebam um complemento durante o número de anos equivalente à duração do ciclo de estudos. O prémio é de 697 euros por ano para quem tem uma licenciatura e de 1.500 euros para quem tem mestrado. Já quem concluiu um mestrado integrado acumula os dois valores.
O novo modelo de IRS Jovem, em vigor desde Janeiro, é mais abrangente em relação ao anterior, aumentando a idade máxima dos 30 para os 35 anos e duplicando a duração do benefício dos 5 para os 10 anos. Traduz-se numa redução do imposto a pagar e, consequentemente, num aumento do rendimento líquido.
Um ou outro?
O Doutor Finanças fez algumas simulações, para tentar perceber qual dos dois apoios acaba por ser mais vantajoso para os jovens portugueses. Começar por dizer que, quem recebe o salário mínimo deve sempre optar pela devolução das propinas, tendo em conta que este patamar remuneratório já está isento de IRS, deixando nulo o IRS Jovem.
Nos cálculos apresentados, o Doutor Finanças utilizou o perfil de uma pessoa solteira e sem dependentes e baseou-se nas tabelas de retenção na fonte em vigor em 2025, em Portugal. Ressalvamos que, dependendo do momento em que a obrigatoriedade pela escolha entrar em vigor, as taxas de imposto poderão ser outras e os valores apresentados acima ligeiramente diferentes. Lembramos, ainda, que as tabelas de retenção na fonte são diferentes para residentes em Portugal continental e residentes nas Regiões Autónomas.
Um jovem com uma licenciatura e um salário bruto de 1.000 euros, no primeiro ano de IRS Jovem vai poupar 688 euros de IRS. Tendo em conta que o prémio salarial é de 697 euros, acaba por ser este, embora com uma pequena diferença, o regime mais favorável. A partir do segundo ano a poupança em IRS será ainda menor, aumentado esta diferença. Assim, quem terminar uma licenciatura enquanto já está nesse período de IRS Jovem ganha mais em pedir o prémio salarial.
Convém mencionar, contudo, que a valorização salarial dura, no caso de uma licenciatura de três anos, apenas três anos, e que, de momento, ainda não se sabe se um jovem pode abdicar do IRS Jovem durante esses três anos e retomar esse apoio mais tarde.
Para quem auferir de um salário de 1.250 euros brutos, o IRS Jovem compensa até ao fim do sétimo ano de benefício. Nessa altura, o salário líquido de 1.051,50 euros significa uma poupança anual de 738 euros. Depois, do oitavo ao décimo ano, a poupança de IRS é de 370 euros por ano.
Ou seja, quem terminar uma licenciatura enquanto já está nesse período de IRS Jovem (oitavo ao décimo ano) ganha mais em pedir a devolução das propinas. Neste caso, o jovem só poder fazer a escolha entre uma medida e outra se tiver concluído o curso quando já estiver a trabalhar e se encontrar nos últimos anos de IRS Jovem.
Se a medida já estivesse em vigor, 1.000 e 1.680 seriam os números limite que ditariam quando é que vale sempre a pena um regime ou outro. Por um lado, quem recebesse até 1.000 euros brutos por mês ficaria sempre mais bem servido com a devolução das propinas. Por outro, um jovem licenciado com salário bruto a partir de 1.680 euros ficaria sempre a ganhar ao pedir o IRS Jovem, mesmo que terminasse a licenciatura nos últimos anos do benefício fiscal. No pior cenário, a poupança de imposto seria de 698 euros.
Já para os jovens com mestrado o regime de valorização salarial vale mais a pena do qualquer ano de IRS Jovem, para salários brutos até 1.216 euros. Como já referido, a devolução de propinas para jovens com mestrado é de 1.500 euros. Neste caso, optando pelo IRS Jovem, no primeiro a poupança anual seria de 1.496 euros.
Em comparação com os restantes anos de IRS Jovem, o prémio salarial compensa em relação ao segundo ano e seguintes para um salário bruto até 1.423 euros; em relação ao quinto ano e seguintes para um salário bruto até 1.753 euros; e em relação aos últimos três anos de IRS Jovem para um salário bruto até 2.481 euros. Ou seja, para quem tiver um salário bruto a partir de 2.482 euros compensa sempre o IRS Jovem, independentemente do ano do benefício em que se encontra.