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Presidente da Síria discute acordo de segurança com Israel

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O Presidente interino da Síria, Ahmad al-Charah, indicou hoje que está a negociar um acordo de segurança com Israel que permita que este país deixe territórios sírios ocupados após o colapso do anterior regime de Bashar al-Assad. 

"Estamos atualmente em negociações e em diálogo sobre a questão de um acordo de segurança", disse al-Charah numa entrevista ao canal de televisão estatal Alekbariah. 

Quando as forças lideradas por islamitas derrubaram o regime do ex-presidente al-Assad, a 08 de dezembro de 2024, Israel enviou tropas para a zona de segurança monitorizada pela ONU nos Montes Golã, que separa os dois lados desde o armistício pós-guerra árabe-israelita de 1973. 

Nos últimos meses, Israel lançou centenas de ataques aéreos contra alvos militares na Síria e realizou incursões no sul do país, sem que as novas autoridades de Damasco retaliassem. 

Segundo afirmou hoje al-Charah, "Israel considerou que, com a queda do regime, a Síria se tinha retirado" do acordo de 1974, "embora a Síria, desde o início, tenha manifestado o seu compromisso" com o mesmo. 

"Agora, estão em curso negociações sobre um acordo de segurança para fazer regressar Israel ao estado em que se encontrava antes de 08 de dezembro", continuou. 

Israel e Síria não mantêm relações diplomáticas, dado que os dois países estão tecnicamente em guerra desde 1948, e Damasco não aceitou a ocupação israelita e a subsequente anexação de parte dos Montes Golã. 

No mês passado, os meios de comunicação social estatais sírios noticiaram que o ministro dos Negócios Estrangeiros Assaad al-Shaibani, e o seu homólogo israelita, Ron Dermer, reuniram-se em Paris para discutir a distensão e a situação na província de Sweida. 

Predominantemente povoada pela etnia drusa, esta província síria tem sido assolada pela violência intercomunitária, com Israel a intervir em apoio dos drusos. 

Também em agosto, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, indicou que Israel estava envolvido em discussões que visavam desmilitarizar o sul da Síria. 

Os Estados Unidos têm mediado negociações para reduzir as tensões, mas as forças israelitas têm prosseguido ações ofensivas.  

Na segunda-feira, ataques israelitas atingiram as zonas em redor da cidade costeira de Latakia e as cidades de Homs e Palmira, no centro da Síria, informou a agência de notícias oficial SANA. 

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (SOHR) adiantou que "o ataque israelita perto de Homs teve como alvo uma unidade militar a sul da cidade". 

No início de setembro, a agência SANA informou que os soldados israelitas tinham feito sete prisioneiros durante uma operação de "infiltração" no sul da Síria. 

No final de agosto, o exército israelita realizou uma operação aérea numa zona a sul de Damasco, capital da Síria, que já antes tinha bombardeado, segundo os meios de comunicação estatais sírios. 

Israel não confirmou a operação, mas o ministro da defesa do país, Israel Katz, disse que as forças israelitas estavam a operar "de dia e de noite" onde fosse necessário para a segurança do país.