O despertar do novo paradigma
O cinquentão “bloco central” português está em agonia desde o passado dia 18 de maio. O povo reprimiu-o na democracia, mas a partidocracia apresta-se a reabilitá-lo. Os socialistas conseguiram merecidamente a proeza, de serem terceirizados, dando de bandeja a liderança da oposição portuguesa, ao diabolizado partido de André Ventura, por muito boicote que a generalidade da comunicação social lhe dedique.
Assistimos ultimamente, à maioria do comentário nacional condoído com a sangria do PS, e à vaporização da ressentida esquerda radical paternalista relativamente ao eleitorado, como se fôssemos acéfalos, apartados da bolha da elite ungida pela sapiência divina, e pelos trombeteiros da propaganda.
A vitória de Pirro da AD de Montenegro e do irrisório Melo alapado ao hospedeiro, não alterou nada. A legitimidade saiu reforçada, mas, a governabilidade mantém-se igualmente precária, havendo um largo consenso entre os adeptos do “status quo” reinante, para o PS hibernar e viabilizar a AD, na esperança de recuperar, deste seu olímpico desastre. Em suma, o futuro líder socialista, vai ser um apalhaçado Rui Rio do tempo de Costa.
Albuquerque registou mais uma vitória com o salvo-conduto de Rodrigues, que garantiu a maioria absoluta e a celebração de um acordo de governação. Cafôfo que perdera a liderança da oposição nas últimas eleições regionais, atirando o PS-Madeira para a terceira força política, perdeu um mandato em São Bento pelo círculo da Madeira, forçando o carácter irrisório e risível da sua apegadíssima liderança. Cafôfo é uma âncora desenfreada que arrasta o PS-Madeira à insignificância. Até Setúbal elegeu um socialista madeirense ostracizado pela sua desorientada direção insular.
Filipe Sousa, embalado pelo ótimo resultado das últimas eleições regionais do JPP, foi eleito apesar da animosidade comutativa com este jornal, e da sua linguagem hesitante e temerária, que a letra da canção “Deslocado” dos madeirenses NAPA, personifica. Todavia, é um feito notável dum partido, que não está sujeito à submissão de quaisquer diretórios nacionais, mau grado a ebulição autárquica que se avizinha em Santa Cruz.
Confirma-se que a avaliação ética e comportamental dos políticos não é importante para a generalidade do povo. Vimos isso nas eleições regionais, relativamente aos arguidos da praça, e viu-se que a empresa familiar de Montenegro não o prejudicou na votação. Nem tão pouco, as malas furtadas no aeroporto pelo ex-deputado açoriano. O eleitorado está mais preocupado com o seu bolso, do que, com o que quer, que os políticos alegadamente “metam ao bolso”. No final de contas, os nossos eleitos são uma emanação refletida de nós próprios - e cá entre nós - nem sempre gostamos do que vemos ao espelho, sobretudo ao despertar.