Lembrando o apagão

Beco, rua e viela
Mergulhados na escuridão
Jantares à luz da vela
Por conta de um apagão

Mortiça luz, sua chama
Sem rádio nem TV
Ir tão cedo p’ra cama
P’ra fazer não sei o quê

Apagão de primavera
Nem tudo foi apagado
Mais nove meses de espera
Ver-se-á o resultado

O Pedro disse ao Luís
Que fomos mal informados
Mas, segundo o que se diz
Os espanhóis foram culpados

Se aumentar a população
E mais abonos acarretar
Por causa do apagão
Os espanhóis, vão pagar

Espanhóis, gente boa
Na qual, eu não me revejo
Morre-se à sede em Lisboa
Se cortam as águas do Tejo

E, se abrirem comportas
Quando a água lhes sobrar
Inundam-se pomares e hortas
E Lisboa vai se afogar

Coisa que eu nunca supus
Entre outras travessuras
Que nos cortassem a luz
E nos pusessem às escuras

Não percamos a identidade
E sejamos mais coerentes
Já temos maturidade
Para sermos independentes

José Miguel Alves