O PS-M e a defesa da Democracia

O meu amigo e camarada Duarte Caldeira ex-dirigente, ex-deputado e ex-Presidente da Comissão Política do PS-M, afirma, em artigo de opinião, que fez história a moção de censura do Chega que demitiu o Governo Regional. Certo é que será lembrada como um erro clamoroso de Paulo Cafôfo e seus conselheiros, a negação de democracia, da ética republicana e da independência do partido. O que fica para a história, na verdade, é de que permitiu ao PSD-M obter a estabilidade governativa que ambicionava.

Todavia, DC faz por ignorar, que a citada moção de censura enviada de Lisboa pelo chefe Ventura à marioneta regional era, na verdade, um ato de vingança ao PS, por ter viabilizado o Orçamento de Estado 2025 e, acessoriamente de critica ao PSD-M.

A verdade é que a direção do PS-M, liderada por Paulo Cafôfo, tomou os seus desejos pela realidade política regional, com o partido dividido e desmobilizado, sem consulta às estruturas de base, lançou-se numa aventura de consequências trágicas e de previsível descida a terceira força política, em particular, para a democracia na Madeira e negou a tradição da luta democrática em cinquenta anos. Não só cobriu de vergonha os democratas como perdeu a liderança da oposição, entregando-a a um partido que cuja ideologia política é o poder pelo poder.

O PS-M atravessou diversas tempestades, as direções cometeram alguns erros, mas as bandeiras da democracia e da sua independência política nunca foram abandonadas. E, quando aconteceu uma vez na presidência de Vítor Freitas, «tipo albergue espanhol», o custo foi bem severo.

Em democracia não vale tudo. Em particular, assumir a decisão de apoiar a moção de um partido reacionário de cariz fascista e tiques nazis, que achincalha a democracia na Assembleia da República e insulta as deputadas socialistas, particularmente uma que é invisual.

O que se exigia à Direção do PS-M era um claro voto NÃO ao Chega ou a apresentação de uma Moção de Censura alternativa. O Chega está ferido por casos de roubo, fraudes, e outros, etc, etc.

O PS é um partido responsável, defensor da democracia e da ética republicana pela qual Mário Soares foi lutador, durante a ditadura fascista de Salazar e Marcelo, o que lhe custou a prisão e deportação para São Tomé e Príncipe. Foi o seu construtor, após o 25 de Abril, contra as tentativas, quer do PCP de instrumentalizar o MFA afastando-o dos seus objetivos políticos, quer das forças reacionárias de direita, de colocar o país na órbita de Moscovo o primeiro, ou voltar ao passado, as segundas, e que continuam hoje ativas com arruaças e pancadarias.

Com efeito, a citada moção de censura, enviada por Ventura à sua marioneta regional, só podia ter sido votada contra, não só pelo PS-M, mas também pelos outros partidos: Pan, JPP e IL, se de facto defendessem a democracia, o que não aconteceu. A ansiedade cega e é má conselheira em política.

O Secretário Geral Pedro Santos e o Presidente do PS Carlos César, deveriam, obrigatoriamente, ter a iniciativa de se oporem a essa loucura, com as célebres «linhas vermelhas», em defesa do património histórico do partido que representam, mas, lamentavelmente não assumiram. E não digam que respeitam a autonomia que me revoltam. O PS é um parido uno do Minho aos Açores.

Aqui fica o meu e, porventura, de demais camaradas, protesto como ex-dirigente do PS-M e portador de uma longa caminhada pela democracia, que se iniciou participando nas eleições de 1969 pela CEUD liderada por Mário Soares, e, atualmente, militante de base, sem estrutura participativa.

25 de Abril Sempre pelas Liberdades Democráticas.

José Silva