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O 25 de Abril também é dos Jovens

A Revolução de Abril foi feita por jovens. Vasco Lourenço tinha 31 anos. Salgueiro Maia e Diniz de Almeida 29. Muitos dos capitães que, naquela madrugada, fizeram a revolução estavam nesta faixa etária.

Foram estes homens – estes jovens – quem mais arriscaram para todos nós podermos ser livres. Aos trinta anos, com a vida pela frente, eram eles quem mais tinha a perder. Mas sabiam que também eram quem mais tinha a ganhar.

Sem jovens, não teria havido Abril. E não teria havido Novembro, no ano seguinte. Não teria havido liberdade. Não teria havido energia para fundar partidos políticos, nem coragem para disputar eleições. Sem jovens, não teria havido Constituição. Não teria havido autonomia regional, nem adesão à CEE.

Mas, volvidos 51 anos, Portugal e a Madeira não são para os jovens. O sistema criado por Abril fechou-se em si mesmo, e vive para si. Os jovens esperam – e desesperam – por uma liberdade que teima em chegar e por oportunidades que não existem.

Por isso, 30% dos jovens portugueses já emigraram e mais de 850.000 filhos de Portugal estão a viver no estrangeiro. Em Portugal os jovens ganham apenas 70% do que ganhariam em média na Europa. 7 em cada 10 jovens portugueses não conseguem sair de casa dos pais. E a Madeira é a região do país com mais desemprego jovem e a segunda com maior número de jovens sem ocupação.

Assim, ao celebrar Abril, não basta evocar o passado e agradecer aos heróis de ontem. É preciso dar instrumentos aos protagonistas de amanhã. É fundamental reter no país, e em particular na Madeira, os heróis do futuro. É imperioso preparar as revoluções que se seguem.

Os jovens madeirenses não querem ajudas, nem subsídios. Não querem um tratamento especial. Querem que o Estado – o central e o regional – não trave o seu crescimento. Que se eliminem entraves, burocracias, taxas e regulamentos. Que se desbloqueie a construção, para que existam mais casas no mercado, a mais baixo preço. Que se garanta a autonomia das escolas e a qualidade da educação. Que se reduzam os impostos e se diversifique a actividade económica, para assim facilitar a criação de empresas e de empregos bem remunerados.

Os jovens madeirenses não nos pedem que façamos por eles a revolução das suas vidas. Mas pedem que os deixemos trabalhar e prosperar. Que os deixemos ser felizes na sua terra, com o seu talento, o seu esforço e a sua capacidade de inovação. Pedem-nos mais liberdade, sendo certo que, com a liberdade deles, todos nós ficaremos mais livres.

Tudo isto sob pena de, daqui a uns anos e quando já cá não estivermos, os nossos filhos viverem pior do que os seus pais viveram.

Sob pena de falharmos aos nossos jovens e de não se cumprir Abril.