Dogmatismos desatualizados
A sociedade contemporânea vive sob a sombra da referenciação acéfala, onde discursos são repetidos sem reflexão crítica, reforçando uma cultura não pensada que perpetua valores sem questionamento. A tradição, frequentemente envolta em uma idealização romântica de um dogmatismo desatualizado, serve como um pilar nostálgico que desconsidera a necessidade de renovação e adaptação aos tempos dos contrastes modernos.
A oposição à vertente marxista pode ser percebida na manutenção de estruturas sociais que negam o pensamento dialético, evitando confrontar as desigualdades latentes. Ao mesmo tempo, o Iluminismo suprimido é evidente na resistência ao conhecimento e à razão, dando espaço à repetição de ideias sem fundamentação lógica. Essa dinâmica contribui para uma constante desarmonização, onde diferentes grupos sociais coexistem, mas sem um verdadeiro diálogo que permita integração e evolução.
Ainda assim, há resistência, não necessariamente organizada, mas presente naqueles que, mesmo sem um sistema articulado, desafiam a repetição e procuram alternativas para interpretar e construir significados próprios. No entanto, a maior parte da população permanece no consumo passivo, onde tradições, ideologias e costumes são absorvidos sem questionamento, reforçando um modelo que ignora a intersubjetividade identitária, ao desconsiderar as experiências individuais e coletivas na construção de significado.
A não linearidade do progresso social resulta em mudanças fragmentadas, sem uma coerência clara, evidenciando ruturas abruptas e reinterpretações descontínuas. Em meio a esse cenário, a marca da cultura tradicional ainda carrega traços misóginos, onde papéis de género rígidos são perpetuados sem revisão crítica, consolidando desigualdades que continuam a restringir a participação plena de indivíduos na construção social.
Este ciclo, permeado por crenças e hábitos que se sustentam pela repetição e pela falta de debate, reforça a necessidade de um olhar renovado sobre a sociedade e suas dinâmicas, promovendo uma cultura mais crítica, participativa e conhecedora dos referentes significativos.
Duarte Dusan Santos