"PSD faz da saúde mental o parente pobre do sector da saúde na Região”, acusa JPP
Partido compromete-se a dignificar as instituições de saúde mental
“Os problemas são muitos e saímos daqui com uma péssima certeza: o PSD faz da Saúde Mental o parente pobre do setor da Saúde na Região”, afirmou hoje a presidente do Juntos Pelo Povo (JPP), após uma reunião entre uma delegação do partido (composta por Lina Pereira, Patrícia Spínola e Paulo Alves) e a direcção da Casa de Saúde S. João de Deus, no âmbito da campanha para as Eleições Regionais antecipadas de 23 de Março.
"Não é tranquilizante o quadro em que funcionam as instituições que tratam dos problemas de saúde mental na Região. As carências são infindáveis e, ao contrário do que acontece com as outras doenças crónicas em que o hospital fornece a medicação, no caso do doente mental internado a medicação é apenas comparticipada", ilustrou a candidata, traçando um quadro “desastroso” dos governos PSD de Miguel Albuquerque ao nível da saúde mental.
“O Governo Regional tem descurado a importância de trabalhar a área da Saúde Mental e a prova flagrante disso é manter um valor pago de diária abaixo do mínimo necessário para a salvaguarda da prestação de cuidados ao doente, que na Região é de 58 euros e no continente 72 euros, havendo já negociações para os 75 euros”, explicou a número três da candidatura do JPP.
Lina Pereira avançou com outro exemplo. “Quando comparado com o valor mais baixo pago pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) a uma entidade privada (na RAM não há instituições públicas com a valência de saúde mental), o valor sobe para os 150 euros, o que torna a diária paga pelo Governo Regional ainda mais vergonhosa”, sublinhou.
Depois de ouvir os dirigentes da Casa de Saúde S. João de Deus, os três candidatos do JPP às eleições antecipadas chegaram a outra conclusão: “As comunidades terapêuticas de que tanto se fala, não passam disso mesmo, de palavras sem acção”, frisa Lina Pereira. “Urge avançar com a medida. O problema é que, na saúde mental, há enormes dificuldades na acessibilidade às consultas, numa primeira fase, e na continuidade do tratamento, portanto, em toda a linha da prestação de cuidados de saúde”, efatixou.
Outro problema apontado pelo JPP prende-se com a situação de “overbooking”, que segundo o partido "mostra falta de capacidade na resposta às reais necessidades da população".
Com o quadro clínico das doenças mentais a subir na Região, a presidente do JPP diz que "é necessário considerar, maioritariamente, as dependências, mas refere que há muito mais do que isso". “Falamos, por exemplo, de doenças neurodegenerativas, muito comuns em idades já avançadas e que precisam de tratamento e/ou acompanhamento”, evidenciou, realçando que "nestes últimos casos, não há qualquer programa de financiamento por parte do Governo Regional, sendo os custos assumidos pela Casa de Saúde”.
Lina Pereira nota ainda que "em qualquer outra situação de doença crónica, o utente fica internado no hospital e, à partida, não tem de fazer pagamentos, como acontece com os doentes de saúde mental que se encontram internados".
Acresce a tudo isto, uma enorme injustiça, uma forte discriminação aos doentes mentais, pois são obrigados a pagar parte da diária e dos medicamentos que precisam para o seu tratamento quando estão internados, mesmo tratando-se de uma doença crónica Lina Pereira, JPP
No cerne da questão está a inexistência de um serviço público de internamento de psiquiatria.
No caso dos doentes mentais, não ficam no hospital porque não existe serviço público de internamento de psiquiatria, mas estes utentes ainda são obrigados a assumir despesas, levando-os muitas vezes a desistirem dos tratamentos por falta de recursos financeiros Lina Pereira, JPP
A candidata insiste que "é preciso devolver dignidade aos doentes de saúde mental e às instituições que, com enormes sacrifícios, cuidam destas pessoas sem que o Governo Regional providencie os recursos humanos, técnicos e financeiros essenciais" e, para isso, apela a uma "mudança corajosa" no dia 23 de Março.
Não tem existido vontade política para implementar o básico necessário na área da saúde mental, com um serviço público que permita responder às necessidades. Contudo, houve dinheiro para comprar o equipamento necessário para dar seguimento a uma terapêutica utilizada (eletrochoques), há profissionais devidamente habilitados, há 'know-how' e há experiência, o problema é que o serviço público tem esta máquina encostada a um canto, e, com custos elevados para o doente, a família e a própria Região, enviam estes doentes para o Continente, com a ridícula alegação de que não há uma sala, um espaço para para que o tratamento se faça na Região. Isto é mais uma prova de que é preciso refundar o Serviço Regional de Saúde (SESARAM), um exemplo cabal do alastrar da má gestão no SESARAM num dos sectores públicos mais importantes da sociedade, que é a saúde mental das populações Lina Pereira, JPP