À luta na chuva por melhores condições
Em dia de greve, cerca de duas dezenas e meia de trabalhadores e sindicalistas concentraram-se à porta da Águas e Resíduos da Madeira. A paralização chega aos 80%, diz o Sindicato
A Estação de Tratamento de Resíduos Sólidos da Meia Serra está hoje a laborar com os serviços mínimos, diz o representante dos trabalhadores da Águas e Resíduos da Madeira sobre este segundo dia de greve convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro Sul e Regiões Autónomas, que aponta para uma adesão nesta estrutura na ordem dos 80%, bem como em outras estruturas da empresa que gere a água e o lixo. Para já são os únicos números disponíveis de uma greve que segundo o sindicato está a ter uma forte adesão neste segundo e último dia. Face à falta de respostas, novas lutas serão encetadas, garante Dario Ferreira.
Manuel Mendes não fugiu dos pingos da chuva que caiam esta manhã. É um rosto do descontentamento que atravessa a empresa e que tomou forma na rua em dois dias de paralização. Ganha pouco mais que o salário mínimo e não passou ainda do nível 2 em termos de carreia. "Estou há 15 anos e ganho 972 euros", desabafou, deixando claro que considera de grande justiça o vir para a rua em nome de melhores condições de trabalho para si e para os colegas que como ele sentem que não estão a ser justamente recompensados.
Criar um mecanismo de aceleração da progressão na carreira para os trabalhadores dos primeiros níveis era uma das propostas em cima da mesa, o Sindicato pretendia que ao fim de seis meses na empresa os novos trabalhadores passassem para o nível 2 e depois de 12 meses para o nível 3 e então depois progredissem com base na avaliação. Esta proposta não foi aceite nem foi respondida com uma contraproposta, assim como também não foi a proposta de aumentos de 17% com um mínimo de 170 euros.
Não houve negociação, lamentou o representante do Sindicato. “A empresa rejeitou por completo aquela que foi a proposta reivindicativa aprovada pelos trabalhadores”. Além disso, não revelou abertura para um entendimento, na opinião do representante: “A empresa apresentou uma proposta que não podemos chamar de contraproposta porque deixa de fora todos os pontos do caderno reivindicativo”.
O Sindicato dá conta que esteve reunido com a administração da empresa que acolhe cerca de 890 funcionários e com a secretária com a tutela e deixaram claro que há três questões em que os trabalhadores não abrem mão: a valorização dos salários, o subsídio de refeição e a progressão na carreira para os primeiros níveis. É sobre estas matérias que esperam que a empresa apresente uma contra-proposta, sendo certo que novo plenário está marcado para Março e novas lutas serão preparadas.
Revelou que a proposta da tutela era basicamente a aplicação da lei e do acordo da empresa, que é aplicar o salário mínimo regional acrescido de 0,5%, uma medida que abrange 150 trabalhadores. Estava também a diferenciação de 30 euros, mas é uma medida que vem das negociações de há um ano, sublinhou. “Aliás foi uma das condições para que a greve fosse suspensa no ano passado, com um conjunto de outras medidas que entretanto já foram implementadas”, esclareceu Dario Ferreira. A criação de um banco de horas também não foi bem recedida pelo sindicalista, que diz que este “não é vantajoso nem serve os interesses” dos trabalhadores.
A ida à Quinta Vigia na passada sexta-feira de pouco serviu. Por isso entregaram esta manhã uma resolução com as reivindicações na sede da empresa e estão disponíveis para definir novas formas de luta até que haja uma resposta positiva ou que venha de encontro às suas reivindicações.
"Neste momento aquilo que pedimos é que a empresa apresente uma outra proposta que não se fixe numa média de 60 euros, mas uma proposta que traga uma valorização significativa aos vencimentos dos trabalhadores".
Os aumentos de 17% com o mínimo de 170 euros e o aumento de 15 euros no subsídio de refeição são números para serem negociadas, dá conta.