DNOTICIAS.PT
Artigos

Eu vou votar!

Ninguém respondeu ao que eu entendo ser o verdadeiro caderno de encargos que temos de elaborar, nem mostrou espírito reformista livre das amarras seja de quem for. Mas vou votar na mesma!

Escrever um artigo para sair em dia de eleições é um exercício que exige cautela, sobretudo para quem muitas vezes tem a sensibilidade de um pequeno elefante.

Entendi na mesma falar sobre elas, deixando-vos uma provavelmente desinteressante leitura dos acontecimentos feita por alguém que, não sendo político nem tendo partido, na mesma enviesa as suas conclusões em função das suas convicções. É uma confissão que me parece adequada…

Não tenho memória de uma campanha tão fraca, com tão poucas ideias consistentes sobre o que se pretende para a Madeira, insistindo antes no popular exercício de oferta de promessas a pataco ou de críticas, em alguns casos até bastante infelizes, a adversários partidários.

O que retive? Que aparentemente o voto está mais caro e que existe uma falta de preparação generalizada relativamente às consequências das disparatadas promessas que foram feitas. Também notei que o bom senso estará em processo acelerado de evaporação e que as listas de espera para uma operação à responsabilidade devem ter aumentado…

Vale tudo, por parte de todos! E para todos! Isto foi da reposição do diferencial fiscal ao aumento brutal do salário mínimo, passando pela resolução do problema da habitação e de todas as questões relacionadas com os funcionários públicos e reformados. Não tenho, manifestamente, caracteres suficientes para elencar as promessas; acho que nem usando a edição inteira de hoje se seria suficiente pelo que fica a referência.

Ignorados foram temas como o do sistema fiscal próprio, da verdadeira autonomia, da organização da sociedade, dos problemas da mono cultura económica, da falta de recursos humanos. A UMa não é nossa e falar da educação é referir obras de manutenção do parque escolar. É claro que existiram excepções, poucas, mas essas foram largamente abafadas pelo ruído geral que foi criado.

Pelo que percebo, interessa é a mala de um, avaliar a legitimidade do outro, perceber quem é melhor a fazer tik toks, comentar sobre quem vai açambarcar mais tachos por metro quadrado.

As promessas vão ser todas pagas com crescimento económico, que eu não sabia que funcionava por decreto (é tramado quando esta malta decide que é tempo de crise, mas pelos vistos estamos livres disso nas próximas décadas). E com o PRR, claro!

Dito isto, sinto-me naturalmente entalado. Ninguém respondeu ao que eu entendo ser o verdadeiro caderno de encargos que temos de elaborar, nem mostrou espírito reformista livre das amarras seja de quem for. Mas vou votar na mesma!

A culpa, se existe, acho que continua do lado do eleitor, que não só mostra querer manter a todo o custo os seus direitos já adquiridos, como os quer preferencialmente de borla. E se der para juntar mais umas coisinhas ao bolo, melhor! E também do abstencionista, que não consegue perceber o dever cívico que tem em exercer o seu direito ao voto…