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Sondagens têm sido derrotadas na noite das eleições?

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Sempre que são publicadas sondagens políticas, sobretudo quando isso acontece próximo de um acto eleitoral, os partidos ou coligações que apresentam resultados menos simpáticos têm tendência a menosprezar os estudos de opinião. Há excepções, como acontece, por exemplo com o BE que assume a importância das sondagens, mas outos partidos tendem a repetir a frase “sondagens valem o que valem”. Nunca explicam é qual o valor que lhes atribuem.

A publicação de uma sondagem do JM – o DIÁRIO vai apresentar outro estudo de opinião na quinta-feira – cumpriu a ‘regra’ das reacções dos partidos, algumas sem qualquer base matemática que as sustentem.

Na sondagem feita pela Intercampus, com um universo de mais de 800 inquiridos, a distribuição de mandatos daria 24 ao PSD, 10 ao PS, 6 ao JPP e 3 ao Chega. CDS, IL, PCP e PAN elegeriam um deputado cada e os restantes partidos e coligações concorrentes não conseguiriam representação parlamentar.

Como sempre, nos comentários nas páginas online dos jornais e nas redes sociais, multiplicam-se opiniões de pessoas que desvalorizam as sondagens e recorrem ao ‘chavão’ habitual de que são “marteladas”, afirmando que os resultados seriam manipulados.

Esta é desde logo uma questão a esclarecer. As sondagens publicadas só podem ser feitas por empresas devidamente credenciadas pela Entidade Reguladora da Comunicação (ERC) que exige que recebe cópias de todos os estudos de opinião efectuados.

As empresas de sondagens são auditadas e os seus procedimentos verificados, pelo que se torna muito difícil ‘orientar’ qualquer resultado. Se as perguntas forem directas, pro exemplo, “se as eleições fossem hoje em quem votaria?”, o resultado também será objectivo.

O que pode ser colocado em causa é a qualidade da sondagem, nomeadamente a sua comparação com o resultado final das eleições.

É precisamente neste ponto que uma reacção do líder do JPP merece um comentário. Élvio Sousa diz que “as sondagens serão as principais derrotadas na próxima noite eleitoral”. No Facebook, vários comentários replicaram esta ideia e forma ao ponto de ‘conclui’ que as sondagens “perdem sempre”. Algo que não tem qualquer fundamento.

É verdade que já se verificaram situações em que o resultado das eleições contrariou algumas sondagens mas a ideia que é transmitida por alguns partidos é que essa seria a regra. Desde logo, não é verdade. Na maioria dos casos, as sondagens indicam uma tendência de voto que é confirmada, dentro das margens de erro apresentadas, na noite das eleições.

Para sustentar esta afirmação, basta comparar a sondagem da Aximage que o DIÁRIO publicou, a 23 de Maio do ano passado (609 entrevistas validadas), com os resultados das eleições.

É fácil concluir que as percentagens finais de praticamente todos os partidos ficaram muito próximas do resultado da sondagem ou dentro da margem de erro de 4%.

Também a distribuição de mandatos variou muito pouco em relação ao estudo de opinião. O PSD tinha uma previsão de 20 deputados eleitos e conseguiu 19, em relação ao PS a sondagem acertou ‘em cheio’ – 11 deputados eleitos – e em relação ao JPP a previsão era de 8 mandatos e acabaram por ser 9. O Chega tinha uma previsão e 5 deputados e ficou com 4.

Onde as sondagens têm mais dificuldade em acertar é nos partidos com menores votações, uma vez que a sua percentagem de votos fica dentro das margens de erro. Nestes casos, é possível acontecer diferenças como foi o caso do BE, para quem se previa a eleição e um deputado que acabou por ser para o PAN.

Estas comparações poderiam ser feitas com as sondagens da Intercampus (JM) ou da Universidade Católica (RTP) que também não foram “derrotadas” na noite das eleições.

Este texto foi editado às 22h57 para corrigir a data de publicação do estudo de opinião do DIÁRIO, que será na quinta-feira e não amanhã, quarta-feira.

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