A Região Autónoma da Madeira liderava, em 1998, as detenções por alegado abuso sexual no País, com 98% dos detidos. Nesse ano, a Polícia Judiciária investigou 142 casos de pedofilia em todo o País, 37 (26%) dos quais, envolvendo vítimas madeirenses. 

O Governo Regional tentou desmentir a problemática. 

Na rubrica 'Canal Memória' de hoje recuamos à edição impressa do DIÁRIO de 11 de Março de 1999, dia em que a denúncia de Carlos Farinha, coordenador da Polícia Judiciária - Departamento de Investigação Criminal do Funchal, foi manchete. 

"O Governo Regional «procurou desmentir» a «realidade objectiva» que é a pedofilia na Madeira", pode ler-se na Primeira Página da edição impressa do DIÁRIO de 11 de Março de 1999. As citações eram de Carlos Farinha, o coordenador da Polícia Judiciária na Madeira. 

O artigo, paginado na última página do matutino, foi redigido pelo jornalista Luís Sena Lino, na altura enviado especial em Lisboa. 

A peça jornalística debruçou-se sobre um debate que abordou a pedofilia na Madeira na capital portuguesa, no Instituto de Novas Profissões, envolvendo o coordenador da Polícia Judiciária na Madeira, Carlos Farinha, o jornalista da SIC autor da reportagem 'Jardins Proibidos', filmada em Câmara de Lobos, Domingos Martins, e a psicóloga Alexandra Simões, do Instituto de Apoio à Criança.

"O Governo Regional «durante muito tempo procurou desmentir a realidade sobre a pedofilia na Madeira», mas essa é uma «realidade objectiva» e «não se trata de uma campanha contra o Turismo da Madeira», pode ler-se no primeiro parágrafo da notícia sobre as declarações de Carlos Farinha.

Domingos Martins denunciou também a "campanha de silêncio" envolvendo municípios, Governo e Igreja ao não abordar o tema da pedofilia.

O responsável pela PJ na Madeira dava conta dos dados que ilustravam o peso da pedofilia na Madeira por comparação ao todo Nacional: "No ano de 98, 65% das detenções por alegado abuso sexual ocorreram na Região, sendo que em Lisboa e Leiria ocorreram 14% das detenções em cada uma das cidades e 7% em Portimão". No que toca aos abusos sexuais na região foram 6% em 96, 5% em 97 e 26% em 98. Relativamente aos inquéritos levantados na PJ do Funchal, foram observadas quatro em 1996, cinco em 97 e 37 em 98". 

Confira o artigo na íntegra: