"Será a abstenção a ganhar!"
O advogado Paulo Pita da Silva mede a temperatura desta campanha para as ‘Regionais’
“Uma vergonha! Um punhado de frases soltas, sem um programa, uma ideia, um rumo”. Este é o lamento do o advogado Paulo Pita da Silva que hoje analisa a campanha e antecipa resultados.
“As eleições que sonhei acontecerem em Dezembro de 24, chegam pela mão do Chega, legitimado pelo Presidente do Governo e candidato. É quase certo que iremos a mais umas eleições legislativas (caso a moção de confiança não passe). Em Lisboa fez-se um caso, de um não caso. Demagogia. Aqui as entrevistas da maioria, de quase todos os partidos são um punhado de frases soltas, sem um programa, uma ideia, um rumo. É só abrir e apontar o que supostamente estará mal. Soluções de retalho. Não percebem que a saúde não estica. Economia roda de fora para dentro. Oportunidades têm de ser agarradas. Habitação é um problema complexo e a solução não está ali. Nenhum tem sequer a noção dos poderes autonómicos, e do estatuto político e administrativo da Região. Distraídos com malas, grilos e arrudas, aviões, etc. Zero ideias e projectos. Um em tom de ameaça no debate que diz assinar tudo, diz que fará mais uma queixa por um projecto de investimento. Se olhasse à câmara que governa. Bom é tudo ficar parado e oferecer esmolas a cirurgias”.
O PSD-M irá ganhar estas eleições, mas antes dele (espero estar enganado), será a abstenção a ganhar! E dela ninguém se arroga dono! Sinais dos tempos? Não. Descrédito.
O PS será ultrapassado, infelizmente. Líder que era independente, é um homem que se mantém agarrado. Da câmara saiu para a Assembleia, saiu para o governo central, caiu. Volta. Sr. professor, sabe-o bem que o momento esmoreceu, finou-se. Também, não será o único.
O JPP é demagogia, sem ideologia. Deixa cair um dos melhores quadros (Milton T), para dar lugar a vozes da população. É banal. Encerrar os Julgado de Paz SC, porque não é rentável. Senhores, Justiça, Educação e Saúde não podem ser rentáveis! Melhor, é esquadra no mesmo espaço, mas das 9h-17h. (De quem é o espaço? Investigue-se).
CDS é o partido de um homem só. Deu-se com o PSD-M quando tinham 4 deputados, e uma Assembleia. Mantém a assembleia com 2 ou único, irá apoiar quem lhe der o mesmo. Fez um bom trabalho da primeira vez, sairá de gatinho.
IL, tem um legado de um homem forte, não só de aparência mas intelectual e estudioso. Será substituído por dois, que têm um passado, e não precisam da política. Cabe-lhes honrar o passado e promover quiçá a solução menos má.
PAN, desaparece após terem perdido um homem livre e de bons costumes, o Marco. Banalizaram-se e esfumaram-se. Manter irá ser um milagre.
Chega, terá um grupo parlamentar 2/3 fantoches de Lisboa, de um partido de um homem só. Quadros válidos não se lhe conhecem, vejam as guerras internas. Que desgraça aquela eleição regional e debate da RTP-M. Têm uma bandeira: Corrupção! Ideias, soluções, uma miragem do nada!
O PCP, quiçá voltará à assembleia, não por ter um projecto, mas por ser uma voz activa e preocupada com as suas ideias e causas. Gostemos ou não, coerência é um legado”.
O resultado destas futuras eleições. De facto, escaldante porque ou deixarão tudo como está ou pior teremos um casamento de 18 meses, votado ao fracasso. Quem ficará prejudicada é a economia, a sociedade em geral, e os menos favorecidos os que mais sentirão. Pode ficar como está em gestão, porque o quadro parlamentar a constituir será mais volátil que uma bomba de hidrogénio. Um desafio. Uma realidade perigosa.
Audácia de alguns comentários e apartes nos debates. A dialéctica do ataque como se numa missa se estivesse. Nenhum dos candidatos, a excepção é Miguel Albuquerque, tenta ser politicamente evoluído, directo e estudioso. Atrás deste fica a Sra. deputada Mónica que muito aprendeu sobre política nos poucos anos que lá anda. Os restantes só têm soluções de injecção, de desvios de verbas daqui e dali para todos os buracos. Outros coligar-se-ão com quem lhes der púlpitos. Outros prometem barcos, de empresas falidas e intervencionadas, como a Naviera Armas, e ninguém lhes desmente.
A campanha está morna, quase fria. Não se nota o envolvimento dos quadros. As jotas estão desaparecidas. A campanha é de brindes, cartas, de porta a porta com meia dúzia de militantes que ainda têm o estofo de dar a cara. As mesmas caras atrás de qualquer freguesia, são sempre as mesmas, mas sempre em menor número. Ninguém dá tempo para o bem comum, tal o descrédito destas eleições. Onde chegamos.
Fria anda a população e a sociedade em geral. Não só pelo tempo frio que se sente. Não. Pelo despercebido, que num governo de gestão se desbloqueou meio milhão de euros para as Casas do Povo (funcionamento), e nem um candidato fala das verbas do PRR, que podem estar em risco, pela inércia dos governos anteriores (central) atendendo o quadro de apoio as empresas da zona Franca, e que a Europa considera Ilegal e pede a devolução das verbas. Tudo frio. Nenhuma alma abre a boca. Petrificados.