A bulgarização da política madeirense
Paulo Baldaia é o convidado de hoje na rubrica 'As Regionais vistas de fora'
Quando estou a escrever bulgarização não estou a usar pronúncia na escrita fazendo jus às minhas origens nortenhas, onde trocamos os v´s pelos b’s dizendo tudo com b, como fazem os espanhóis.
Não é a experiência política dos portugueses do norte, nem dos nossos vizinhos espanhóis, que invoco mas a dos búlgaros que, nos últimos quatro anos, têm enfrentado uma significativa instabilidade política, caracterizada por frequentes eleições (sete) e dificuldades na formação de governos.
A situação política na Madeira, e agora parece que também na República, começa a assemelhar-se à Bulgária e o eleitorado tem de ter isso em conta na hora de votar. Ou seja, perante parlamentos altamente fragmentados e dificuldades na formação de governos, é preciso recuperar o conceito de voto útil em defesa da estabilidade política, condição essencial para a implementação de políticas públicas eficazes e o avanço em questões estratégicas para a Madeira e para o país.
Não estou a defender o voto útil como voto num dos dois maiores partidos (PSD e PS) como forma de polarizar à direita e à esquerda. A democracia carece de pluralismo e não é a existência de muitos partidos que provoca a instabilidade e os impedimentos da governação, o que é determinante é o comportamento de cada um desses partidos no Parlamento Regional ou na Assembleia da República. Aí, como em todo o país, o voto útil é o voto em quem der garantias de governabilidade, ganhe ou perca as eleições.