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Celinho e o Portugal dos Pequeninos

Segundo Paulo Portas, o homem que ainda habita Belém “é Filho de Deus e do diabo. Deus deu-lhe a inteligência e o diabo a maldade”

O Presidente da República tem vindo a habituar-nos, a partir do momento em que entrou no segundo mandato, a uma série de tiradas que começam a pôr em causa a sua sanidade mental. Desde não saber nada do caso das gémeas quando quase toda a gente o acusou na Comissão Parlamentar de Inquérito (devem ser todos uns mentirosos), até a famosa tirada sobre um decote de uma imigrante no Canadá, passando pelo peso de uma senhora que se sentou numa cadeira e ele perguntou se a peça de mobiliário aguentava… é um chorrilho de asneiras que só é ultrapassado pela majestosa referência à ruralidade do primeiro-ministro a um grupo de jornalistas estrangeiros.

Enfim, talvez veja a porta de saída para o Celinho no Portugal dos Pequeninos. Ao longo destes nove anos, revelou o que trazia debaixo daquela capa que ele queria que escondesse a sua ligação ao PSD, dando sempre uma no cravo e uma na ferradura.

A mais recente, tirando a decisão de não voltar à Assembleia da República para falar de gémeas, deixou-me irritada. Sim, porque todos os madeirenses deviam irritar-se com o Mr. Vichyssoise. Segundo Paulo Portas, o homem que ainda habita Belém “é Filho de Deus e do diabo. Deus deu-lhe a inteligência e o diabo a maldade”.

Foi realmente essa herança diabólica e maquiavélica que se viu recentemente sobre a nova Lei Eleitoral, que não pode ser aplicada à Madeira nas próximas eleições regionais e que vai fazer os partidos políticos, outra vez, pagar a passagem a estudantes para virem votar nesse fim de semana, como acontece em todos os atos eleitorais. Eu acho que deviam mandar as contas para Belém, porque se pouparem em passagens, os partidos podem redistribuir o dinheiro em cimento e blocos, micro-ondas, frigoríficos, que as pessoas aceitam para não ficar com o emprego em causa ou a bolsa de estudos dos filhos em risco. Como se isso fosse coisa dada pelos partidos. E por acaso alguém sabe em quem é que o povo vota? Ou é preciso tirar a foto ao voto com a carta de condução na mão? O Celinho é culpado por os madeirenses não poderem votar em mobilidade e devia assumir as suas responsabilidades.

O Celinho, um dos mais aclamados constitucionalistas portugueses, não se pode ter enganado nas datas. Como em tudo, arquitetou este caso para depois tentar encontrar uma solução técnica. Uma solução ilegal, mas técnica.

Sejamos claros. Quando um comentador diz na televisão que as suas atitudes já são do foro da saúde mental, é porque já há quem não se iniba de falar diretamente da sanidade do homem. E não há nenhum problema em ir ao Serviço Nacional de Saúde, uma vez que por lá andam muitos maçons, amigos da sua família, que o encaminhariam pela porta do cavalo para a área da psiquiatria. O veneno que destila desde 2021 (período coincidente com o da vacinação contra o Covid 19), tem andado a fazer ricochete. E a porta de saída, a continuar assim, é o buraco de uma agulha. Porque a do Portugal dos Pequeninos ainda vai ser grande.